A minha vida é o que eu penso que é a minha vida,
um golpe de vento o que eu penso ser um golpe de vento.
Vejo no vaivém das ondas apenas a ligeireza das ondas,
a mesma sensualidade das areias que arrastam o vento
e por ele se deixam arrastar numa profunda comunhão
como a água que cai sobre as águas, sem angústia. E nunca me arrependo de olhar o azul, fazer um gesto de vigiar o céu, à procura duma estrela imperturbável
apenas a dizer que está ali, longe, contemplando a terra.
. .em Transparências, ed. AJEA .
, Novo e novo e sempre igual o dia de amanhã tece fantasmas no écran.
Pode chover dias e dias a fio como as folhas no Outono, pode sentir-se o frio das palavras sólidas como a única certeza do condenado, podem mesmo aparecer sinais no céu a dizer que não há nada
que o poeta atento e absorvido sonha sonhos e impérios de sonhar e espera pelo dia prometido.
- A colectânea "A Traição de Psiquê" vai ser apresentada na Biblioteca Municipal de Gondomar, no dia 5 de Dezembro, pelas 16 horas, no âmbito de uma tertúlia de poesia do amor e do erotismo, organizada pela ARGO – Associação Artística de Gondomar, entidade promotora do IV Prémio Nacional de Arte Erótica.
Está, desde já, convidado/a a estar presente e a participar no evento. O júri de apreciação foi constituído por Henrique Monteiro (professor, poeta), Paulo Melo-Lopes (psicólogo, escritor) e Alzira Cavalheiro (professora, pintora). Foram apreciados 102 textos de 45 autores tendo sido seleccionados 70 textos de 37 autores. O livro tem cerca de 90 páginas. . A minha participação foi com o poema que segue, mas, dada a enorme distância, não vou estar presente: .
...POEMA AO AMOR
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........."Ich traümte von Lieb’ um Liebe"
........Wilhelm Müller
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....Amor que amei amando o amor
....amor à terra ao mar e à vida
....que só de amor amando, amamos
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....Amor que amei amante .- amor
....amor por ti por tudo e mim
....amor ardor de amor.
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....Amor que ainda amo sem amar
....que a tudo - à terra ao mar e à vida
....amar amando amei de amor.
. .Todas as complementares informações sobre o livro, podem ser obtidas aqui
. Beethoven #1 .......................................Ao Artur Neira Foi da primeira vez que ouvi o tam tam tam tam de Beethoven era eu criança ainda nada conhecia da pomba sob o cipreste nem de dores de dentes nem da dor de Dante muito menos da dor diante.
Foi como eu se fosse o estado puro dum cristal que tinisse no interior duma redoma de dentro para dentro de si próprio de dentro para dentro do próprio cristal da primeira vez que ouvi Beethoven . era eu criança ainda nada conhecia dos pátios de Granada nem de ananases redondos do Vietnam, só sabia um pouco do sabor do sol e do sal que trinta anos mais tarde em Londres descobri mediterrânico.
E no entanto o sangue acendeu-se-me de pólvora – uma catedral cheia de formigas no sítio dito da habitação da alma, os músculos retesaram-se-me como a um cro-magnon meditando um búfalo em Altamira . e fiquei a vida inteira a imaginar um homem surdo atulhado em raízes de liamba a cheirar fumo pelos tímpanos dos olhos.
. Quero agradecer a todos os que estiveram presentes no lançamento de Viagem Através da Luz (em especial aos amigos da blogosfera) e também aos que me têm vindo a pedir, directamente, o livro. Começo a enviá-los, na próxima semana. BEM HAJAM! .
.. ………..“Se alguma vez quisermos ter um pouco …….....de conhecimento de qualquer coisa, ……......é necessário separar-nos dela e olhar ……......apenas com a alma, as coisas em si mesmas”
. ……....Sócrates
. .- É preciso olhar as coisas com uma cuidada distracção distanciamento quanto baste, fora do seu quadro de referências, as imagens que correm, que corrompem outras imagens, formando abstracções, outras realidades concretas, da mesma cor dos estratos geológicos, lâminas sobre lâminas horizontais, nas raízes movediças da terra.
Esta discrição permite ao raciocínio um perfeito raios x capaz de ler noções como tempo, silêncio, drama, o patamar incontestado dos segredos guardados em altas torres só conhecidos dos iniciados na ciência dos magmas da terra.
E permite mostrar como é possível a serenidade comovente de apenas olhar, sem paixão pelos gelos dos altos cumes, desligado do fervor endémico de ver crescer o trigo ou conhecer o imediato destino dum pássaro caído de asa sem procurar as suas origens, o dilema de ser coerente. . inédito