....Gente humilde habitou séculos estes vales,
....na condição imponderável da angústia
....pelo fruto incerto da terra, pela sedução
....de apenas ver crescer o trigo, as chuvas
....do inverno anunciador da seara renovada.
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....Fazia-o em sua inocência agrária, medieval,
....trespassada por voláteis alegrias da luz
....a imaginar os crepúsculos esbeltos
....duma manhã irreprimível de harmonias.
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....E pouco entendia a náusea da afronta
....em que vivia: o pão exíguo, a obediência
....sem retorno ou gratidão, apenas uma enxada
....com que cavar a própria vida, a charneca
....onde semeava a ruína de seus sonhos.
.....em "Algarve Ontem", a publicar