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Beethoven #1
.......................................Ao Artur Neira
Foi da primeira vez
que ouvi o tam tam tam tam de Beethoven
era eu criança ainda nada
conhecia da pomba sob o cipreste
nem de dores de dentes nem da dor de Dante
muito menos da dor diante.
Foi como eu se fosse o estado puro
dum cristal que tinisse no interior duma redoma
de dentro para dentro de si próprio
de dentro para dentro do próprio cristal
da primeira vez que ouvi Beethoven
.
era eu criança ainda nada conhecia dos pátios de Granada
nem de ananases redondos do Vietnam,
só sabia um pouco do sabor do sol e do sal
que trinta anos mais tarde em Londres
descobri mediterrânico.
E no entanto
o sangue acendeu-se-me de pólvora
– uma catedral cheia de formigas
no sítio dito da habitação da alma,
os músculos retesaram-se-me como a um cro-magnon
meditando um búfalo em Altamira
.
e fiquei a vida inteira a imaginar um homem surdo
atulhado em raízes de liamba
a cheirar fumo pelos tímpanos dos olhos.
em Como um Relógio de Areia
,
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
POEMA À 5ª SINFONIA DE BEETHOVEN
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domingo, 25 de outubro de 2009
FLORES DE OUTONO
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Agora vou reclinando o corpo
entre a terra e as estrelas.
O espaço é breve
para a brisa do mar
que ainda soa.
E no entanto,
adormeço
no meu sonho,
sereno de harmonias
.
incendiando o fino pó
da terra
com estas flores violentas,
exíguas, do outono.
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