Sem saber como nem donde eu vinha,
enfiei os pés na água
escorrendo daqueles olhos escuros que fitavam a eternidade.
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Estava o caminho recoberto de musgo,
líquens sobre a pedra, pedaços de ervas e árvores
decaindo aos bolores do tempo.
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Ao lado, uma bola prateada, redonda,
rodava na roleta e caía num poço
que se estendia às fragas da montanha
a avultar na minha frente,
derruindo.
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Sinto um baque no barro do coração.
Amanhã virá a manhã a sair das trevas.
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Sonho, logo ainda resisto.
E é pelo sonho que insisto.
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Mas não há maneira de sair dali.
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O meu cérebro trabalha tão depressa como a seiva,
como o coração da terra reclamando os seus mártires.
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Tanto mais que eu e ela nos aproximávamos tanto,
nos colávamos tanto na mesma visão de fogo e cinzas,
que eu comecei a perceber que não havia
nada como aquele calor que me chegava ao sangue
e me transformava num ser repleto,
saturado da ternura daquele momento,
daquela suprema verdade.
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Bebi da água que aos poucos
ia dissolvendo o barro do meu coração.
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Deixei correr as estradas,
as estrelas,
os rios do mesmo deslumbramento.
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Era dia,
em todas as madrugadas da minha paixão.