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sábado, 27 de dezembro de 2008

poema em plástico

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...............Em plástico me embrulho

...............ou me plastifico;

...............e no meio do entulho

...............em plástico fico.

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...................em POEMETOS. I . (esgotado)




segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

POEMA DE NATAL

....













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Naquela noite fazia frio fazia pena
ver almas despedaçadas deitadas corpos entrouxados
dispersos nas calçadas luzidias do passeio das ruas
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Caía uma névoa fina que simulava chuva punhais
de raiva e resignação ou antes uma levada de mágoa
de murmúrios sem data sem fumo sem restos de cio
perdidos num mar de pedras nas calçadas da rua
.
Era uma noite de claustros tambores rufando clamando
os clamores da vida a náusea descrente na boca sofrida
o granito fundido já duro das lutas perdidas
pisado nos ossos nos ombros nos olhos que olham
as coisas por fora nas coisas por dentro
e as noites nos dias e os búzios na praia sem vento
soprando as pedras do passeio da rua
.
Doía a quem doía não fora a noite uma noite
de aprazimento em todas as aldeias da cidade
tempo de alegrias acepipes farturas alvarinho
em casas abastadas sobranceiras aos passeios da rua
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o mais vago grave desígnio dum oráculo de plenitude
na inocência das crianças nas crenças na sentença
dos mecanismos que levam ao enternecimento
por ver a chuva a cair sobre corpos alheios
prostrados enrodilhados no manto do passeio das ruas.
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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

POEMA EM NOVEMBRO

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POSTAIS ILUSTRADOS # 6
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Clique para melhor ler
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a luz breve escoando os restos do vidro
a luz leve moendo a cânfora dos olhos
a luz neve abrindo o pântano do sol
 

terça-feira, 4 de novembro de 2008

POEMA À LUA

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...........................“Vista do espaço

..............................a Terra é azul”.

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.....Os poetas vivem na Lua.

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.....Por isso amam a Terra

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.....e escrevem poemas

.....ao seu azul infatigável.


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

VIAGEM ATRAVÉS DA LUZ

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As primeiras estrofes

do poema "Viagem através da Luz" (4.900 palavras),

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Transitamos através da luz

somos a pura contemplação da luz

a linguagem o cinzel dum barco

em perpétuas lúdicas viagens

ao interior dum mapa

-

e os nossos olhos acendem as manhãs

ébrios pela plenitude das manhãs

na linguagem alada dos sentidos e das seivas

-

buscam o segredo subterrâneo da alegria

por onde se estende o seio dos rios

as ervas que ecoam pelos caminhos claros.

-

São a nossa mais delicada ansiedade

mas também a nossa paixão as suas divagações

pelo oculto obscurecido dos olhos

que ignoram o modo sereno da luz e do pó

-

ou as imagens que fixam os contornos do tempo

em figuras intemporais seduzidas

pela linguagem das águas, o caos

do rumor do vento

na dimensão do céu animado pelo voo das aves.

-

E são os contornos da paisagem o nosso mundo

a nossa dedicada veneração

este modo quase ausente de persistir

na busca de formas transcendentes

de imagens de modelos de palavras

gémeas do abstracto imaginário dos nossos olhos

.

por onde guiaremos os passos

nas veredas insondáveis

da luz que se acende e apaga

a nossos pés

dentro de nós mesmos.

-

-(...)


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

REGRESSO A CASA

.....
......
A passagem das horas

o perpassar dos dias
o lento fervilhar do tempo em seus artifícios
de claridade e sombras
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trazem-nos a este lugar preciso
de quietude
em ondulações de silêncio e apaziguamento.
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É aqui
onde deveremos reaprender
os festejos da luz
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a sombra do pecado original
dos fascínios
pelo regresso urgente
a nossa casa.
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inédito

domingo, 19 de outubro de 2008

PENA DE MORTE

Esta minha postagem 19 de Outubro, requer alguma informação suplementar.

Não é uma explicação do poema, porque o poeta não tem que explicar o que escreve. O poema, por si, deve ser suficiente e explicar-se a si próprio.

Mas ele foi escrito há muito tempo (2 de Maio de 1960) e refere acontecimentos que a maioria das pessoas de hoje não conhece, pelo simples facto de que muitas dela ainda não eram nascidas!

Desde 1954 que um cidadão americano de nome Caryl Chessman estava sentenciado à pena de morte, na prisão de S, Quentin. Travou uma longa luta contra a justiça, recorrendo a vários estratagemas e foi adiando o veredicto. Na prisão escreveu 4 livros, um dos quais, Cell 2455, Death Row, que foi um best seller na América e Europa Ocidental.

A questão, às tantas, para muitos, não era tanto aquele caso pessoal, mas a pena de morte, em si.

Figuras como Aldous Huxley, Robert Frost, Norman Mailer, um sem número de intelectuais de todo o Mundo, um prelado evangelista de nome Billy Graham, a mulher do presidente Roosevelt e tantos outros apelaram clemência para Chessman.

No entanto o prisioneiro haveria de ser executado em câmara de gás (com ácido cianídrico) a 2 de Maio de 1960.

Precisamente… no dia do meu aniversário!

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Em 22 de Outubro.




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domingo, 12 de outubro de 2008

FOGO AUSTERO

n
...
A grandeza destas pedras vem do fogo austero
de magmas inquietos que subjugaram as montanhas,
reminiscências da antiquíssima viagem das águas
anteriores à ideia dum objecto modelado pelo tempo.

O que fascina é o seu perfil nebuloso, indulgente
perante o movimento dos sóis, os seus desígnios
no desvio dum olhar para o lado dos ocasos da luz.

O que inquieta é esta noção amarelenta do tempo,
as suas feições austeras imperfeitas desenhadas
nos veios deixados pela passagem das águas,
o paradoxo dos nossos dias idênticos absurdos.

Não há limite para as formas inacabadas do céu
as suas estrelas transgressoras da aventura temível
de erigir uma flor e destruí-la com um bafo de vento
vindo duma ciência chã, dum destino indecifrável
que se lê nestes fósseis da pedra, a impressão digital
dum deus desconhecedor dos segredos do amor.


em Terrachã, ed. AJEA

sábado, 4 de outubro de 2008

POESIA EXPERIMENTAL

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O DESENVOLVIMENTO DO POEMA
OU
POEMA PÓSTUMO DE MIM
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clicar na imagem para melhor ler o texto

Este quadro, em exposição, tem as dimensões de 65 x 32

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Muros

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Onde inventar um caminho legítimo
para o êxodo, uma porta entreaberta
respirando o ar que vem da terra?


Os muros da cidade sustentam-se
destas incertezas, destas cortinas
de fogo, este balbuciar de cansaços
inexactos, intranquilos como o fumo
esparso, dispersando vozes alheias.

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Não nos inclina a dureza das pedras,
a sua fiel sabedoria de intransigências.

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Mas tarde é inútil, para fingir exílios.


Hoje já é ontem, para o fim indiciado.

em Terrachã, ed. AJEA

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

BARCO

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Um dia era era barco

..............................e

...........estaria certo?

um barco é só barco –

fluxo madeira ferro..... fluido bandeira ferro

louco sistemático livre no mar redondo

à espera

.

..................ah

eu era barco –

norte sem bússola..... forte sem música

e havia uma transcendência grave

na grande esfera.

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Pouco ou nada

........sinais quadrados números

........finais princípios fumos

........ah

pouco ou nada..... ou nada.

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........Vitórias vigília glória

........viragem ventos fúria

eu era um barco

vertiginosamente eu era um barco.....

só barco

só.

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No barco..... um dia..... vento vertigem

do fundo da fúria..... a fúria do vento

a origem

.

..........ah

meu barco..... num dia..... barco

total.

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Rugias oh vento

bramias oh fúria

meu casco partiu

oh frágil madeira

oh ferro já frio.

-

Lutei toda a noite

os meus passageiros

a carga fretada

................... ah

o porto distante

espera o teu nada.

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Fui um barco meditando

.... morrer no meu posto na luta do dia

.....voltar ao meu porto..... e um dia

.....ah um dia..... na fúria do ciclo

.....entregue à sucata;

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os meus passageiros..... deixá-los aqui

levá-los daqui ao porto distante

.....pra quê

.

.............ah

oh madeira oh meu ferro oh novíssimo nylon

......na luta do dia morrer no meu posto

......na fúria do ciclo voltar ao meu porto?


.............ah

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TENHO DE LER A HISTÓRIA DO MUNDO

.......................DESDE O PRINCÍPIO

domingo, 14 de setembro de 2008

CANTAI AINDA

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Cantai ainda, sob as árvores
à beira rio, entre noite e dia.

Que as chuvas vos acordem
num dilúvio
de gestos feitos de alegria.

A fresca madrugada
se abra à luz
sonora e alada.

E que seja brando o vento
dos dias caindo devagar
sobre o teu rosto

de olhar, por fim, a terra amada
à luz do sol resplandecente


na pura harmonia do poema.

em Poemas Soltos & Dispersos, volume I, ed.litoral

terça-feira, 9 de setembro de 2008

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À memória de Irene Silva
que foi dedicada companheira durante anos
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Retomemos o caminho de regresso
pela tarde que não volta ao lugar
donde partimos.
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Amanhã será noite.
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Nem o silêncio dirá a tua perda.
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Nem sequer a mesma árvore que se estende
pelas sombras até ao infinito.

Lírios e rosas não calam a memória
do tempo raso do retorno aos perfumes
que sopravam os teus olhos
em mar e serras.

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O horizonte acaba aqui:
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onde temos os pés
e a saudade.
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5 de Setembro de 2008 (entre Lisboa e Lagos)

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Volta a Portugal em Bicicleta (homenagem)

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Homenagem ao ciclista
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Corre pela planície sem fim,
ó aventureiro do deslumbramento
e do delírio das engrenagens

porque a roda obedece a um sistema de rodas
que aceleram o movimento das estradas
e o teu corpo é apenas um espasmo de esferas
pulsações, ácido lácteo e ureia
em busca da alegria!

A distância é o asfalto abstracto,
um fantasma de quilómetros sem medida
suspenso de imateriais sonhos de ir longe
sobre a ligeireza da miragem perto.

Corre, ó aventureiro,
pelas veias do país,
pela planície abstracta do teu contentamento,
do teu delírio de ir longe, além da miragem
do movimento da estrada rasa,
para desvendar seus frutos
e a raiz inquieta da tua alma!

(Peço desculpa a todos os amigos blogistas, por não estar a responder a todos os comentários mas, neste momento encontro-me muito limitado e com difícil acesso a um computador.)

domingo, 3 de agosto de 2008

postais de poesia

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clicar para melhor ler o poema.
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O GIGANTE DA BAÍA
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nº 4 da colecção litoral, editado pelo Bar Lionheart, Lagos
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no livro "Lagos Ontem", 2ª edição da Câmara Municipal de Lagos

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

poema ao músico

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..............os músicos os músicos
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......ah os músicos que tocam música
.....................só pelo prazer
...................de tocar música

sexta-feira, 25 de julho de 2008

ASA

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.....Poema ainda

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........Ave e seta como a luz
........rasgando a bruma

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........Lume sob a cinza

..
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........Liberta asa
........que o arco ainda tenso

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........abrasa

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..............em "A Palavra em Duas", 1982, esgotado

domingo, 20 de julho de 2008

poemeto

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POEMA A ESTE TEMPO NOSSO

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este é o tempo que é o nosso

estas casas a cidade

os verdes campos ressequidos

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nosso é este lugar de cinzas

estas árvores doloridas

e do fogo milenar ....já frio

dos nossos dias

segunda-feira, 14 de julho de 2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

poema à casa

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Também a casa tem seus recantos

...
Também a casa tem seus recantos ocultos
que se encolhem em umbrais austeros,
numa obscuridade sinuosa, impermeável

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São a matéria excedente do latejar do sangue,
uma fogueira extinta pelo seu próprio fumo
caída sobre a cinza de magoadas flores

...
Não impedem ao tempo o seu galgar sereno
fechado na missão de arrefecer as cinzas
para a dispersão programada dos vestígios

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Estão ali porque completam a função do lar

os seus esteios multicolores, o seu espectro,
uma luta verdadeira entre as trevas e a luz

...
Este poema faz parte do livro "Causas de Habituação" (em preparação)

sexta-feira, 4 de julho de 2008

poema às manhãs

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.MANHÃS


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Ah manhãs distantes

da minha infância

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como vos lembro e relembro

e choro e me entristeço

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Aqui

apenas me apareço

espectador dos outros e de mim

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barco de rumo incerto

ao provir ou ao fim.

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em "37 Poemas", o meu 1º livro, 1961, esg.

domingo, 29 de junho de 2008

poema às memórias

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São as memórias que sustentam

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São as memórias que sustentam a leveza do ar,

num exercício renovado de mistérios lentos

anunciadores dos sonhos.

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Vivem em nichos vagabundos

perto do ruído das ruínas,

longe dos rios que não descansam

no ombro da margem

num tempo para fruir a leveza dos malmequeres

abruptos dos caminhos.

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Acendem-se noutras memórias

e refazem os aromas antigos,

as cores redundantes

da paisagem que flui, .já ontem.

:
Um dos meus poemas que saiu no nº 11 da série DiVersos, (colectivo) edições Sempre-em-pé, Verão de 2007.

:

Também com a chancela das Edições Sempre-em-pé vão ser apresentados o nº13 da série DiVersos e, ainda, os livrosGloria Victis”, de Carlos Garcia de Castro e “Rio Abaixo, Rio Acima”, de Tobias Burghardt, edição bilingue português-alemão, com tradução de Maria de Nazaré Sanches, na Casa Fernando Pessoa, Campo de Ourique, em Lisboa. As apresentações têm lugar no dia 3 de Julho, às 18 horas. A entrada é livre.

Mais informações:

www.sempreempe.pt
contacto@sempreempe.pt

sexta-feira, 20 de junho de 2008

poema ao verão

:..
POEMA AO VERÃO
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Vem ....Verão.... com pétalas de sol zunindo
a tarde ameaçada pelo incêndio da noite
súbita de harmonias, rasgada de ocultas aves
ciciando a espuma translúcida dos olhos,
devorada de penumbra.

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Vem.... Verão.... coberto de sonhos rente ao rio
exausto, de vermes apodrecido
sob o hálito fugidio das folhas secas
de sol e mistério breve –
num harpejo de searas e semente.

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Vem.... Verão..... dócil sonâmbulo abrindo
as entranhas da terra grávida,
de secura e pólen amarela
em crepúsculos voando o inverno
num violino de cigarras.

em "O FRIO DOS DIAS", edição do autor, 1986

sábado, 17 de maio de 2008

poema ao pó

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..

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Um dia acende-se o vazio do palco

cai o pano sobre o pó

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evaporam as palavras dos teus olhos

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um pássaro boceja à beira do tempo

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depois

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não haverá antes nem depois

apenas um silêncio

um perfume ecoando pelo vale

uma folha dolorida levada pelo rio.

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Este poema é um dos que integram o livro "Transparências". .Este livro, editado pela AJEA (Associação dos Jornalistas e Escritores do Algarve), acompanha o recentemente publicado "Arabescos", pelo preço global de 5 euros.

terça-feira, 13 de maio de 2008

a pacificação

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A pacificação das massas

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Concertados os adjuvantes, os catalisadores,
os adjudicadores da síntese que presidiu à ideia


.....a ideia era resolver a punho (mas a contento!)
.....o gume que se punha como o sol a pino
.....sobre o alto das nossas cabeças

e que (sabe-se lá desde quando!...)
nos tem vindo a re partir a alma em duas
o cu e o banco (à mesa) em dois.


Vieram os de em baixo tecer uma grande alcatifa
até cima.


Assim foi a cintilante pirâmide de Mikerinos
hoje exaustivamente medida
em todos os possíveis ângulos
sempre que a terra treme
ao longo da grande falha de S. Francisco.


Paralelamente (a dar fé a um persistente fluxo hertziano
que corre de norte para sul
e muito particularmente de ocidente para ocidente)


foi o apaziguamento dos espíritos

(a panificação das massas)

democraticamente

amen

em "Poemas Satíricos e Outros" (Bodas de Prata), ed. Mic do Fernando Grade.

sábado, 10 de maio de 2008

................poemetos #9
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Belo


é música abstracta dos teus olhos

a leveza dum peão num jogo de xadrez

o silêncio do vento

anunciador da tempestade.


inédito