...............Em plástico me embrulho
...............ou me plastifico;
...............e no meio do entulho
...............em plástico fico.
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...................em POEMETOS. I . (esgotado)
...............Em plástico me embrulho
...............ou me plastifico;
...............e no meio do entulho
...............em plástico fico.
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...................em POEMETOS. I . (esgotado)
...........................“Vista do espaço
..............................a Terra é azul”.
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.....Os poetas vivem na Lua.
.....Por isso amam a Terra
.....e escrevem poemas
.....ao seu azul infatigável.
As primeiras estrofes
do poema "Viagem através da Luz" (4.900 palavras),
,
Transitamos através da luz
somos a pura contemplação da luz
a linguagem o cinzel dum barco
em perpétuas lúdicas viagens
ao interior dum mapa
e os nossos olhos acendem as manhãs
ébrios pela plenitude das manhãs
na linguagem alada dos sentidos e das seivas
buscam o segredo subterrâneo da alegria
por onde se estende o seio dos rios
as ervas que ecoam pelos caminhos claros.
São a nossa mais delicada ansiedade
mas também a nossa paixão as suas divagações
pelo oculto obscurecido dos olhos
que ignoram o modo sereno da luz e do pó
ou as imagens que fixam os contornos do tempo
em figuras intemporais seduzidas
pela linguagem das águas, o caos
do rumor do vento
na dimensão do céu animado pelo voo das aves.
E são os contornos da paisagem o nosso mundo
a nossa dedicada veneração
este modo quase ausente de persistir
na busca de formas transcendentes
de imagens de modelos de palavras
gémeas do abstracto imaginário dos nossos olhos
.
por onde guiaremos os passos
nas veredas insondáveis
da luz que se acende e apaga
a nossos pés
dentro de nós mesmos.
-
-(...)
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Onde inventar um caminho legítimo
para o êxodo, uma porta entreaberta
respirando o ar que vem da terra?
Os muros da cidade sustentam-se
destas incertezas, destas cortinas
de fogo, este balbuciar de cansaços
inexactos, intranquilos como o fumo
esparso, dispersando vozes alheias.
.
Não nos inclina a dureza das pedras,
a sua fiel sabedoria de intransigências.
.
Mas tarde é inútil, para fingir exílios.
Hoje já é ontem, para o fim indiciado.
em Terrachã, ed. AJEA
.
Um dia era era barco
..............................e
...........estaria certo?
um barco é só barco –
fluxo madeira ferro..... fluido bandeira ferro
louco sistemático livre no mar redondo
à espera
.
..................ah
eu era barco –
norte sem bússola..... forte sem música
e havia uma transcendência grave
na grande esfera.
.
Pouco ou nada
........sinais quadrados números
........finais princípios fumos
........ah
pouco ou nada..... ou nada.
.
........Vitórias vigília glória
........viragem ventos fúria
eu era um barco
vertiginosamente eu era um barco.....
só barco
só.
.
No barco..... um dia..... vento vertigem
do fundo da fúria..... a fúria do vento
a origem
.
..........ah
meu barco..... num dia..... barco
total.
.
Rugias oh vento
bramias oh fúria
meu casco partiu
oh frágil madeira
oh ferro já frio.
-
Lutei toda a noite
os meus passageiros
a carga fretada
................... ah
o porto distante
espera o teu nada.
Fui um barco meditando
.... morrer no meu posto na luta do dia
.....voltar ao meu porto..... e um dia
.....ah um dia..... na fúria do ciclo
.....entregue à sucata;
os meus passageiros..... deixá-los aqui
levá-los daqui ao porto distante
.....pra quê
.
.............ah
oh madeira oh meu ferro oh novíssimo nylon
......na luta do dia morrer no meu posto
......na fúria do ciclo voltar ao meu porto?
.............ah
TENHO DE LER A HISTÓRIA DO MUNDO
.
.....Poema ainda
........Ave e seta como a luz
........rasgando a bruma
.
.
........Lume sob a cinza
........Liberta asa
........que o arco ainda tenso
.
POEMA A ESTE TEMPO NOSSO
.
.
este é o tempo que é o nosso
estas casas a cidade
os verdes campos ressequidos
.
nosso é este lugar de cinzas
estas árvores doloridas
e do fogo milenar ....já frio
dos nossos dias
,,
Também a casa tem seus recantos
Também a casa tem seus recantos ocultos
que se encolhem em umbrais austeros,
numa obscuridade sinuosa, impermeável
São a matéria excedente do latejar do sangue,
uma fogueira extinta pelo seu próprio fumo
caída sobre a cinza de magoadas flores
Não impedem ao tempo o seu galgar sereno
fechado na missão de arrefecer as cinzas
para a dispersão programada dos vestígios
.
Estão ali porque completam a função do lar
os seus esteios multicolores, o seu espectro,
uma luta verdadeira entre as trevas e a luz
Este poema faz parte do livro "Causas de Habituação" (em preparação)
.
.MANHÃS
.
Ah manhãs distantes
da minha infância
.
como vos lembro e relembro
e choro e me entristeço
.
Aqui
apenas me apareço
espectador dos outros e de mim
.
barco de rumo incerto
ao provir ou ao fim.
.
em "37 Poemas", o meu 1º livro, 1961, esg.
.
São as memórias que sustentam
num exercício renovado de mistérios lentos
anunciadores dos sonhos.
.
Vivem em nichos vagabundos
perto do ruído das ruínas,
longe dos rios que não descansam
no ombro da margem
num tempo para fruir a leveza dos malmequeres
abruptos dos caminhos.
.
Acendem-se noutras memórias
e refazem os aromas antigos,
as cores redundantes
da paisagem que flui, .já ontem.
Um dos meus poemas que saiu no nº 11 da série DiVersos, (colectivo) edições Sempre-em-pé, Verão de 2007.
Também com a chancela das Edições Sempre-em-pé vão ser apresentados o nº13 da série DiVersos e, ainda, os livros “Gloria Victis”, de Carlos Garcia de Castro e “Rio Abaixo, Rio Acima”, de Tobias Burghardt, edição bilingue português-alemão, com tradução de Maria de Nazaré Sanches, na Casa Fernando Pessoa, Campo de Ourique,
Mais informações:
Vem ....Verão.... com pétalas de sol zunindo
a tarde ameaçada pelo incêndio da noite
súbita de harmonias, rasgada de ocultas aves
ciciando a espuma translúcida dos olhos,
devorada de penumbra.
Vem.... Verão.... coberto de sonhos rente ao rio
exausto, de vermes apodrecido
sob o hálito fugidio das folhas secas
– de sol e mistério breve –
num harpejo de searas e semente.
as entranhas da terra grávida,
de secura e pólen amarela
em crepúsculos voando o inverno
num violino de cigarras.
.
PÓ
..
.
Um dia acende-se o vazio do palco
cai o pano sobre o pó
.
evaporam as palavras dos teus olhos
.
um pássaro boceja à beira do tempo
.
depois
.
não haverá antes nem depois
apenas um silêncio
um perfume ecoando pelo vale
uma folha dolorida levada pelo rio.
..
A pacificação das massas
Concertados os adjuvantes, os catalisadores,
os adjudicadores da síntese que presidiu à ideia
.....o gume que se punha como o sol a pino
.....sobre o alto das nossas cabeças
nos tem vindo a re partir a alma em duas
o cu e o banco (à mesa) em dois.
até cima.
hoje exaustivamente medida
em todos os possíveis ângulos
sempre que a terra treme
ao longo da grande falha de S. Francisco.
que corre de norte para sul
e muito particularmente de ocidente para ocidente)
em "Poemas Satíricos e Outros" (Bodas de Prata), ed. Mic do Fernando Grade.