Quadro de Jean-Léon Gerome |
- O que queres que eu te dei?
Alexandre, o Grande
.
o que não me podes dar.
Tira-te da frente que me tiras o Sol.
Diógenes
.
Nada tinhas, nada querias,
a não ser a claridade dos céus azuis,
a sabedoria do estro primaveril das estrelas meridionais,
porque entendias na dispersão da luz,
no rearranjo do recorte das imagens
a descrição duma planície de transparências.
Por isso é que procuravas em pleno dia,
à luz duma lanterna a luz dum homem,
a silhueta dos seus predicados, a excelência
fulgindo contra o escuro do próprio dia.
A tua ciência era a ciência abstracta
de repensar a pura existência,
o seu sentido lato,
como o pólen dispersando a vida
duma planta.
Pouco sabias do que outros sabiam
e isso não te importava
porque só querias o sol, o ar limpo.
Nada querias a não ser o que dava o dia,
o sol de Corinto e a liberdade de pensar a utopia
e o que nenhum Alexandre pode dar
a quem a tirou: a vida.
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em "Dicionário de Citações", a publicar