… para
ver se alcanço
que
minha alma durma, tenha paz, descanso (…)
Guerra Junqueiro (1850-1923)
.
Já
viste um sonho a afastar-se para longe
do
horizonte de teus olhos,
a
alma da tua vida a despedaçar os últimos restos da luz?
.
Quanto
sentiste pela tempestade dum ovo
que
se desfaz antes do primeiro raio de sol
ou
uma velha árvore caída de borco sobre a terra
a
um obstinado sopro do vento!?
.
Onde
procuras a paz para a tua alma
senão
ouvindo ainda a música
da
voz longínqua que embalou os teus verdes anos
no
manso mar dum búzio colado ao teu ouvido?
.
O
teu descanso vem longe, quanto distante
é
o minuto que esperas para vir outro minuto.
.
Dorme
ainda sobre o silêncio da terra e a voz do mar,
num
cântico martirizado pelas esperas ‒
mas
que não morre,
enquanto
a vida te der o eterno,
na
vida.
.
Inédito. Vai para "Dicionário de Citações" (em preparação)