poesia vieira calado
,
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
UM CÁLICE DE PORTO
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Vai um cálice de "Porto"
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para a Passagem do Ano?
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REVEILLON
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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
UMA GENEROSA IDEIA DE MAR
Uma generosa imagem de mar
a liberdade abstracta dos horizontes
na transparência de limites inexactos
uma vela ancha, um reino
no pensamento legítimo dum marinheiro
e as cores de leveza no chão das águas
expondo os seus búzios e anémonas
um cristal perfeito como o perfil do céu.
em
ALGARVE ONTEM
, ed. litoral, 2011
sábado, 21 de dezembro de 2013
RETÁBULO - NATAL dos sem-abrigo
Naquela noite fazia frio fazia pena
ver almas despedaçadas deitadas corpos entrouxados
dispersos nas calçadas luzidias do passeio das ruas.
Caía uma névoa fina que simulava chuva punhais
de raiva e resignação ou antes uma levada de mágoa
de murmúrios sem data sem fumo sem restos de cio
perdidos num mar de pedras nas calçadas da rua.
Era uma noite de claustros tambores rufando clamando
os clamores da vida a náusea descrente na boca sofrida
o granito fundido já duro das lutas perdidas
pisado nos ossos nos ombros nos olhos que olham
as coisas de fora nas coisas de dentro
e as noites nos dias e os búzios na praia sem vento
soprando as pedras do passeio da rua.
Doía a quem doía não fora a noite uma noite
de aprazimento em todas as aldeias da cidade
tempo de alegrias acepipes farturas alvarinho
em casas abastadas sobranceiras aos passeios da rua -
.
o mais vago grave desígnio dum oráculo de plenitude
na inocência das crianças nas crenças na sentença
dos mecanismos que levam ao enternecimento
por ver a chuva a cair sobre corpos alheios
prostrados enrodilhados no manto do passeio das ruas.
.
em
4 POEMAS DE NATAL
, 2013
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