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O que eu queria era ter sido Pedro
porque Pedro lembra a pedra, a concha
antiga, a tranquilidade da urze liberta
num cântico só de terra e de montanha.
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Ela é feita de silêncios e sol,
a ressurreição do saber das horas
ausentadas do discurso das águas
num livro que persiste imperturbável.
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Apenas olha os céus, não os observa
nem se imagina no acto de contemplar
as cores que ardem sob as estrelas
nas ruínas doutros limos sobre a praia.
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O que eu queria era ter sido Pedro
porque, para arder no frio que passa,
árido e negligente aos sóis e aos sonos,
tanto faz uma rosa, como um silêncio.
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em "Transparências", ed. AJEA