.
São os ventos a interpretar o verdadeiro desígnio destes campos,
migalhas de pó que se transportam ondeando as ervas e os matos
para um tempo breve, onde dispor um incêndio, junto ao corpo
das excessivas lembranças, no anónimo exílio das cidades.
.
Quanto basta é o sossego dos lugares soltos ao festim do sol,
a asa dum insecto que se recorta no azul perdurável da terra.
.
Assim me ensinaram os perfumes da urze, que chegam de longe,
o estorninho escondido dos olhares, desconfiado dos destinos.
.
E aqui reconheço, no chão caminho das águas, a serenidade
deste pastor imperturbável às formas fulgurantes do silêncio
que soa entre as árvores, o trânsito liberto, perpétuo, das seivas,
a exacta, útil degenerescência do conceito urbano de solidão.
-
em "Terrachã", ed. AJEA, 2004
Ah, grande pastor poeta!
ResponderEliminarAbraço
Querido poeta.
ResponderEliminarPodemos sentir a natureza, agreste e ancestral a emergir das suas palavras belas.
Bj
O poema me tragou, mergulhei em suas palavras - tudo tão preciso, tão exato, que nada pode ser mudado, nenhuma palavra ou vírgula! Muito bom!
ResponderEliminarFez-me voltar à aldeia dos meus avós, o cheirinho da urze, as cores do campo, ah, maravilha.
ResponderEliminarBelas e deliciosas palavras. Um abraço da laura
Bons e inspirados ventos sopram por estas bandas.
ResponderEliminarCumps
Senti a aragem levantando as migalhas de pó, transportando o perfume do mato, e o canto das aves.
ResponderEliminarO contato com as coisas da terra, diminuem nossa solidão.
ResponderEliminarBonito amigo poeta.
beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBom dia, meu caro Poeta!
ResponderEliminarBelissimo poema como sempre!
Beijosss
Sempre há algo que nos desperta uma lembrança, as vezes um perfume, as vezer um item, mas realmente sentir o carinho do vento e uni-lo a uma boa memória é tão bom...
ResponderEliminarFique com Deus, menina Vieira Calado.
Um abraço.
Belissimo ...
ResponderEliminarCinematográfico ...
Boa semana !
Bj
Belissimo...
ResponderEliminarCinematográfico ...
Boa semana !!!
bjos
Belas palavras, firmes e contagiantes..
ResponderEliminarUm abraço!
A solidão é o desígnio cada vez mais em voga nas grandes cidades...
ResponderEliminarAbraço
Mer
Nas cidades
ResponderEliminarnão há solidão
tão só isolamento
Muito bom poeta
O Poema encantou-me e levou-me aos tempos da minha infância e adolescência e dos muitos Verões passados na aldeia beirã dos meus avós maternos ! Tempos maravilhosos que recordo com muita saudade
ResponderEliminarA companhia da natureza,E os centros urbanos populosos e ainda assim sentimos sós!
ResponderEliminarBelo poema. Abraços Edna
A companhia da natureza,E os centros urbanos populosos e ainda assim sentimos sós!
ResponderEliminarBelo poema. Abraços Edna
Não há o que comentar, só o que admirar.
ResponderEliminarB-jinhos!!!
o campo, o pastor, a cidade exilado de conhecimentos!
ResponderEliminarbeijinhos
Querido amigo e poeta, teu lindo poema, remeteu-me as histórias que meus pais contavam do tempo de crianças, quando eram pastores de ovelhas, a beleza dos campos, as brincadeiras, a liberdade de serem crianças. Adorei. Tenha uma linda semana. Beijocas
ResponderEliminarVieira Calado
ResponderEliminarque bom sentir a natureza.
Foi bom passar por aqui.
e deixo o OUTONO
OUTONO
Estou a ver-te...
Árvore de Outono...
Porque estás nua?
Porque deixaste fugir
As tuas folhas...
E os teus ramos...
Ficaram secos e frios...
Longos e nus...
Porque deixas
Porque sofres?
Porque tem frio?
Porque...
É preciso renascer...
É preciso sofrer...
Para viveres novamente...
E assim árvore nua...
Vais voltar...
Mais frondosa...
Mais bonita...
E...
Vais estar outra vez...
Pronta para a nova Primavera...
LILI LARANJO
Paisagem agreste, humana, repleta de tantos odores e cores que de tão apressada se perde num silêncio duro e sozinho. Há quem viva dessa natureza e há quem a desconheça de todo...
ResponderEliminarÉ muito bela a sua forma de escrever.
da solidão citadina, onde habitamos exilados do nosso verdadeiro desígnio, os campos e suas serenas ondulações, seus aromas e "formas fulgurantes de silêncio", sua permanência. como se o "desígnio destes campos" fosse o nosso primordial desígnio.
ResponderEliminargostei muito. abraço.
"Quanto basta é o sossego dos lugares soltos ao festim do sol,
ResponderEliminara asa dum insecto que se recorta no azul perdurável da terra.
.
Assim me ensinaram os perfumes da urze, que chegam de longe,
o estorninho escondido dos olhares, desconfiado dos destinos."
Nunca se está só quando sabemos conversar com a natureza, onde o "silêncio" é um bem merecido.
Tanto que diz este poema.
Beijo, Poeta Amigo.
Querido Poeta...viajei em suas magníficas palavras...
ResponderEliminarDoce semana...beijos...
Valéria
Essa solidão vale à pena, POETA!
ResponderEliminarUm poema que nos prende do princípio ao fim com imagens poéticas belíssimas!
Beijos
Mirze
Seu poema me fez voltar ao Arcadismo. Linguagem que traz o amor pelas coisas da natureza, o bucolismo como o ideal para um poeta viver. A figura do pastor me remete a esse tempo.Muito bom.
ResponderEliminarEstarei a ser justo e correcto se encontrar neste texto a emoção de uma Pastoral?
ResponderEliminarUm abraço, Vieira.
É por isso que eu gosto tanto de ouvir o vento....
ResponderEliminarO meu abraço
Meu querido Poeta
ResponderEliminarestou de volta e deixando o meu carinho e um beijinho.
Sonhadora
Os ventos. Os caminhos das águas. O trilho do poema...
ResponderEliminarUm beijo, amigo Calado.
Olá, amigo Poeta!
ResponderEliminarÉ verdade, já regressei ao lar e à vida profissional.
O que é bom termina depressa...
Para mim, foi mesmo um gosto revê-lo e quero agradecer o tempo que disponibilizou para estar na nossa companhia.
É sempre muito agradável estar na sua presença e ouvi-lo.
Beijocas.
Olá, amigo Poeta!
ResponderEliminarÉ verdade, já regressei ao lar e à vida profissional.
O que é bom termina depressa...
Para mim, foi mesmo um gosto revê-lo e quero agradecer o tempo que disponibilizou para estar na nossa companhia.
É sempre muito agradável estar na sua presença e ouvi-lo.
Beijocas.
Meu caro Poeta
ResponderEliminarEu, profundamente citadina, carrego este apelo da natureza tão bem expresso neste poema.
Comovente, é o que eu acho.
Beijo
Isabel
Sinto-te como se estivesse sentado sobre folhas caídas secas ao chão e olhando apenas um reflexo de sol penetrante varando de surpresa as árvores que te escondem e te inspiram em palavras de verde, sombra e esperança!!!
ResponderEliminarmeu afago carinhoso ao amigo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarBoa Noite , Poeta !
ResponderEliminarAqui , te relendo ...
Desejo uma Noite Serena .
Grande Vieira!!
ResponderEliminarQue vai e vem inquietante...perturba a gente ao ler...muito bom..isso que chamo de texto vivo!
[]ss
Olá!
ResponderEliminarVim agradecer a visita pode voltar sempre!
bjs
Ser Estranho Ser !
no chão caminho das águas,
ResponderEliminar-----------
As águas, que quando se fartam da 'terra'. voam para as nuvens.
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Felicidades.
Manuel
Ler a sua poesia, Mestre, é um balsamo para o espírito. A imagem das palavras, entra em mim.
ResponderEliminarSuave e de uma humildade suprema a sua frase" Assim me ensinaram os perfumes da urze, que chegam de longe,
o estorninho escondido dos olhares, desconfiado dos destinos."
Um aplauso sincero.
Bjito
Profundo. Para ler e interiorizar e a "útil degenerescência do conceito urbano de solidão" tinha muito que se lhe dissesse.
ResponderEliminarGostei bastante.
Abraço.
Fernando Reis
Concordo com alguém que disse aqui:
ResponderEliminar"Não há o que comentar, apenas admirar"...
Enviei-lhe há pouco por email, os ficheiros referentes ao livro.
Um beijo.
Olá, meu caro!Passando para lhe desejar uma ótima sexta-feira!
ResponderEliminarBeijosss
Belo "passeio" na natureza, naquele verde que tanto gostamos, amigo Sportinguista e escrito no dia dos meus anos...
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos
Verdinha
Oi Vieira Calado,
ResponderEliminarMais um lindo poema para trazer um pouco de alegria a um dia chuvoso aqui no Brasil.
Hoje um pouco de sua poesia está enfeitando o meu blog "Gosto disto"".
Bjkas e um ótimo final de semana para vc.
http://gostodistonew.blogspot.com/
Oi Vieira Calado,
ResponderEliminarAssim que o livro for lançado aqui, quero comprar! Por favor, me avise.
Bjs
Felizmente que ainda há pastores e...poetas!
ResponderEliminarAbraço
"...no chão caminho das águas..."
ResponderEliminarMenciono esta como exemplo de todas as outras a que muito me habituas, rendendo-me aos teus Desígnios.
Forte Abraço
Só para corrigir, desculpa pelo "menina" Vieira, acabei digitando sendo que depois que vi (e agora comprovei) a melda...
ResponderEliminarFique com Deus, menino.
Um abraço.
De particular beleza este poema!
ResponderEliminar"o sossego dos lugares soltos ao festim do sol"
"a asa dum insecto que se recorta no azul"
"os perfumes da urze"
o estorninho escondido dos olhares, desconfiado dos destinos"
Uma acalmia da alma!
Bjos