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sábado, 14 de agosto de 2010

SOMOS UM ARQUIVO


 .
Somos um arquivo bucólico de memórias,
o mote rústico duma estrofe repetida
ecoada pelos vales, plena de sabores e sal
que transportamos pela vida, dentro do sangue,
e entretemo-nos na presunção de que cresçam
dos nossos actos as ervas regeneradas
pela primavera das vidas que perpassam.
 .
Conservamos imagens bolorentas, baços
retratos de antepassados que mal conhecemos
talvez na esperança de que os nossos filhos
guardem os nossos, ou os venerem
e evoquem outros rastos de outras vidas,
entendam a frágil angústia que foi a nossa.
 .
Elas são o espelho de cópias degeneradas
iguais à paisagem que adivinhamos na história
dos que por aqui passaram deixando lembranças
de outros dramas ou alegrias passageiras
iguais às que se avizinham no tempo que passa
por cima do grande mar que desponta os sóis.
.
em Por detrás das Palavras, ed Mic

65 comentários:

  1. Tão ambíguo ´nosso destino, dizer que nossos atos não importam, não é verdade. Todavia nossa pessoa não importa e isso machuca o ego.
    Adorei o poema e as metáforas.
    beijos

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  2. As memórias enchem-me. Sufocam-me todos os dias. Para as memórias não há amanhã, só há o ontem. E eu estou cheia de ontens. Quero amanhãs. Quero respirar ar puro cacimba vento amanhã. Que chova! Quero lavar-me por dentro e que as águas levem todas as memórias. Para ser eu outra vez. Para começar tudo de novo. E repetir tudo o que fiz. E voltar a ter memórias. Que me sufocam...



    Foi o que deixei no meu blog hás dois dias...

    Beijo.

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  3. Meu querido Poeta
    Depois de seguir-mos a nossa viagem, apenas quem ficar de nós pode prosseguir...lembrando o que fomos.
    Adorei o poema.

    Beijinhos
    Sonhadora

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  4. ...e assim é o eterno ir e vir,
    ora aqui, ora acolá, e nestas
    idas e voltas levamos e trazemos
    pesadas bagagens de folhas envelhecidas no livro da vida.

    oxalá pudessemos vez ou outra
    encontrar neste livro páginas
    coloridas pelos dias bem vividos,
    em momentos de felicidade plena.

    amei ler-TE

    deixo meu beijo!

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  5. Querido amigo poeta, realmente guardamos velhos retratos, de antepassados que na maioria das vezes nem conhecemos. Acredito que tenhas razão, fazemos isso para que nossos filhos também cultivem esse hábito e quem sabe entre uma passada e outra pela estante da sala, digam:- Olha, esse aqui era meu pai, ou minha mãe...As lembranças ficam, mas a hora de dizer EU TE AMO, é agora, enquanto podemos abráça-los, senti-los junto ao coração...a moldura do retrato não tem graça nenhuma....
    Tenha um lindo final de semana...Beijocas

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  6. Maravilhosa poesia!

    Para as gerações seguintes

    bjs

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  7. Simplesmente maravilhoso, adorei!

    Beijinhos,
    Ana Martins
    Ave Sem Asas

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  8. Tem tanta razão como beleza naquilo que nos transmite hoje: somos, de facto, assim.
    bj

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  9. Amigo.

    Somos um arquivo sim.
    Mas um arquivo sem gavetas,
    sem separadores,
    ou fechaduras.
    Somos um arquivo sim,
    de lembranças,
    de esperanças
    e aventuras.

    Muito interessante o teu poema. Fugindo um pouco ao estereotipo.
    Um grande abraço meu bom amigo.
    Victor Gil

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  10. Entre memórias do passado e ilusões do futuro, vivemos o presente.
    Abraço

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  11. Interessante, mas isto é parte do nosso legado, de deixar parte de nós em que amamos, ou detestamos...

    Mas nem sempre fazemos um bom trabalho, sendo que por isto explica que as vezes é tão facil nos esquecerem.

    Fique com Deus, menino Vieira Calado.
    Um abraço.

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  12. *
    gostei das tuas palavras,
    .
    diria que somos
    um disco rígido !
    ,
    saudações,
    ,
    *

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  13. Mas ai que está o problema, pois geralmente deixamos o nosso legado em quem a gente conheceu, mas só quando nós realmente marcamos a vida...

    Fique com Deus, menino Carlos Vieira.
    Um abraço.

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  14. Amei este poema. Mas tempinho atrás assisti uma aula de história: me senti um enciclopédia.
    Mas gosto de ser saudosista.
    Bjs. Edna.

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  15. Memorias são tudo o que levamos conosco...
    O que fomos e o que fizermos e o que vai ficar nas memorias de quem nos quer bem...
    Lindo texto!

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  16. Olá amigo,
    Faço das palavras da Marilu as minhas próprias. É preciso aproveitar o que ainda se tem no presente, o que ainda temos de vivo.

    Beijo grande!!!

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  17. Meu querido Poeta...seus belos versos me levam a pensar em tantas coisas da vida...
    Doce final de semana ....beijinhos...
    Valéria

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  18. Se lembrarem a angustia que foi nossa, não nos esquecerão e não esquecendo, não perdem a memória. É lá, na memória, que habitaremos um dia. Assim espero!

    Beijinho

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  19. E pelo mar que desponta os sóis as mais belas e intensas imagens refletidas.
    Que delícia de poema.
    Suas poesias tem sabores e cores que nos deixam tatuada a alma.
    Beijinhos

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  20. Claro Vieira...
    Poeta e senhor de grandes palavras, que convidam, na sua leitura, à reflexão através da forma mais bonita... a poesia.

    Assim que comecei a ler, quase que por ali ficava, de encantado...

    "Somos um arquivo bucólico de memórias...".

    Puxa...minha nossa. As palavras Fluem.

    Amigo Vieira Calado,
    Um Abraço

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  21. ...E por cima desses tantos mares que somos nós!

    Beijo, Calado!

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  22. O desenho dos nossos corpos arquivam a fórmula ancestral
    A cultura sustenta a insustentabilidade dos vapores
    Dando-nos a ilusão de continuidade mas
    Por cima do grande mar onde despontam os sois
    Suspensa do Éter, Volita a liberdade, incarcerável
    Sem fórmula, sem lei que lhe dê realidade, inarquivável
    E a finitude do arquivo é realidade pequena
    Para guardar a infinitude do ideário que se é
    Nem Filho, nem amigo, nem cultura
    Têm dimensão para guardar o infinito
    E se alguma ideia tenho de incomensurável
    É a da solidão humana
    Que por ser grande
    Fez curta.a vida

    Bom fds Poeta

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  23. salve, poeta, que, ao te ler, sinto a respiração de letras garatujas, de horizontes, no aqui e no agora de vi-ver.
    saudações,
    luis de la mancha

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  24. Quer queiramos ou não, o "arquivo" genético existe em nossas vidas e mais cedo ou mais tarde ressuscitam como primaveras que por vezes se transformam em invernos gelando o nosso esqueleto sem dó nem piedade.
    Uma beleza de palavras profundas do seu grande mar de poesia que desponta num enorme abraço a todos os seus amados leitores.
    Forte abraço
    Mer

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  25. Quer queiramos ou não, o "arquivo" genético existe em nossas vidas e mais cedo ou mais tarde ressuscitam como primaveras que por vezes se transformam em invernos gelando o nosso esqueleto sem dó nem piedade.
    Uma beleza de palavras profundas do seu grande mar de poesia que desponta num enorme abraço a todos os seus amados leitores.
    Forte abraço
    Mer

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  26. Olá Poeta, de facto somos um arquivo de memórias, e é nesse arquivo desordenado de sentimentos mas ordenado no tempo que está a nossa identidade, enquanto ser.
    Sublime! Como é sempre a sua poesia,
    Beijinhos
    Boa semana

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  27. Somos um arquivo e isso basta para sermos quem somos!
    Só que só tu o sabes dizer assim!

    Abraço

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  28. Olá Vieira,
    quanto tempo não leio-te, divinas palavras.
    Abraços,
    Cris

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  29. Somos o que vivemos, fazemos e pensamos. Tudo guardado no registro akashico. A poesia pode ser digitada pela alma... Só mesmo você! Grande!
    Um beijo.

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  30. Vieira!

    Somos sim, arquivos bucólicos de sombras e memórias.

    Ainda não deletadas!

    Beijos, poeta!

    Mirze

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  31. V. Calado

    Tal como diz, na sua forma inebriante de dizer:

    "Conservamos imagens, retratos nossos e de quem mal nos lembramos,
    na esperança de que nossos filhos e netos os guardem
    e nos venerem para sempre.

    No fundo, bem no âmago, não queremos desaparecer da mente e do coração de quem amamos".

    Bela sua forma de dizer!


    Obrigada por o encontrar no meu poema "Nascer e Viver"

    Beijos,

    Mª. Luísa

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  32. Vidas cerzidas por lembranças.Vidas que deixam rastros e histórias. Poeta querido! Ah... lindo demais o seu poema. Beijo

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  33. "Somos um arquivo"..., quem mais se lembraria de chamar arquivo a alguém!!!...
    ... e não é que somos mesmo?!...

    É aí mesmo que reside o encanto das pessoas que achamos incomparáveis, é no saber surpreender-nos sempre que as reencontramos!

    Sempre me surpreendes Poeta!

    Beijos, Amigo!

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  34. Sim, querido Vieira, os sóis despontam com os raios de mãos dadas... Amei seu poema, que leu as palavras em meu coração.

    Obrigada pela sua visita ao meu blog.
    Beijos.

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  35. Bela definição amigo! O que não é novidade, vindo de um mestre da palavra. :) Meu abraço, boa semana!

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  36. Por mais alto que possa voar
    nos mais altos montes
    acima de nuvens e tempestades
    ainda assim o coração conhece o caminho, o farol do viver
    indica a direção, não sei se por instinto, por memória genética ou
    por sobrevivência, mas quando resolver, descer das alturas
    encontrarei o ninho, pra o aconchego e descanso, a tempestade passará e o sol dará condições de voar por sobre o mar, planando nas brisas suaves da felicidade.
    Abraços de asas.

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  37. ..."a frágil angústia que foi a nossa."

    E que sempre será, o homem, ainda mais se for poeta, será sempre um ser angustiado.

    Um abraço.

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  38. obrigada, pela visita e pelas palavras. estimo em "vê-lo" de novo e em lê-lo.

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  39. Um arquivo muito bem organizado
    ficou este aqui no seu ser imaginado...
    somos um arquivo de passagem
    que veio de um ontem para nós
    vai de um hoje para outra aragem
    um mar de história armazenada
    que ata e desata nós
    que faz a memória activada...
    diferente mas igual
    desde o monte até ao vale...
    uns com arquivo registado
    outros só com tempo contado!
    Somos e seremos...desde A até a Z
    aquilo que na vida, no tempo se lê!

    Beijo e boa semana

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  40. Que maravilha ti ler...
    Percebe-se em cada verso, em cada palavra o teu nobre sentir.
    Estou sentindo tua falta, lá no meu cantinho.
    Beijinhos
    Ceiça

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  41. inspiradíssimo poema. poeta talentoso

    abraços

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  42. Sempre o binómo passado/lembrança, futuro/esperança...
    Beijinhos.

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  43. Lindo poema! as minhas memórias por vezes quase me sufocam, tento apagar as más mas elas resistem.
    Bjs

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  44. Amigo poeta,
    Simplesmente... maravilhoso!
    Amo tudo que escreves.
    Boa semana!
    Beijinhos.
    Brasil♥

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  45. Um arquivo vivo, felizmente...
    Gostei do texto, muito poético.
    Um abraço, caro amigo.

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  46. Arquivamos os medos, as emoções, mas nunca, nunca a esperança.
    Um beijo, amigo Calado.

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  47. A herança genética colocada em termos muito mais interessantes do os científicos.
    Cumps

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  48. Ola Poeta Viera Calado,

    AS tuas palavras parecem "imans" colam-me ao pequeno ecrã, e fazem-me reflectir.

    Nós somos o que fomos, feitos de memórias guardadas e aqrquivadas, e seremos o que somos, sempre no mesmo arquivo!

    Bjinhos

    Céci

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  49. gostava de poder olhar para elas como se estivesse a olhar para um album,

    Beijos
    Paula

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  50. Continuo a gostar de passar por aqui...



    SORRIR



    Sorri...
    Sorri sempre...
    Aproveita...
    A Vida...
    O Sol...
    O Amor...
    E vai srrindo...
    Olha o belo...
    Olha o lindo...
    E continua a sorrir...
    Faz da vida...
    O teu grande sorriso...
    Pois é muito bom...
    Saber sempre sorrir...

    LILI LARANJO

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  51. no "meu arquivo" há um espaço para breves registos dos seus poemas...um pensamento aqui, outro ali, são seus!

    bjinho

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  52. As memórias ajudam a preencher o vazio do presente.
    Já não consigo deixar de passar por aqui,é porque este espaço de poesia é mágico.
    Quero deixar um beijo e agradecer a visita ao meu blogger.

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  53. De certo modo, de acordo com o "arquivo ambulante que somos"...com as metáforas...simbologias e as figuras que usaste... mas diz-me: os poetas e escritores aonde vão buscar as suas inspirações?
    Quando partir...não quero deixar um arquivo...vazio! Não para que me sigam...mas que saibam o quanto eu vivi!
    beijocas
    Graça

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  54. Meu querido Poeta
    Passei para deixar um beijinho.

    Sonhadora

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  55. Eu poderia estar sempre a reler sua poesia
    e sempre vou encontrar
    outros pontos de magia.

    Poderia fazê-lo todos os dias
    para meu gáudio e meu encanto.

    Mas hoje, aqui estou
    como pessoa, como gente,
    para responder à sua visita
    de poeta, digno desse nome,

    Na procura de meus versos.

    Foi uma honra encontrá-lo,
    em meu recanto.

    Agradeço, amigo
    e muito me satisfaz
    sua presença.

    Estou fora e por essa razão, com o tempo muito tomado.

    Obrigada,Vieira Calado.

    Um beijo,

    Maria Luísa

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  56. Bom meu caro só me resta aperta o SHIFT antes do DELETE. abraços

    http://poesiafotocritica.blogspot.com

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  57. Somos como o ventre da terra, ou o barulho do mar nos intertícios das rochas, somos lava, ervas secas, caminhos abandonados, fósseis, retratos antigos, cores que nunca vimos, vozes que não escutámos, sonhos que não presenciámos, mãos que nunca apertámos, sonhos e amores não concretizados, becos, naufrágios, momentos sem tempo de paraíso que foi com o vento em data marcada no tempo, somos o universo escondido, não lembrado, esquecido...Somos. E assim passamos.
    Um abraço.

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  58. E como espelhos que são elas se refletem em nós ora integral ora fracionada. Linda poesia amigo.
    Beijos doces.

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  59. E nesse arquivo, somos também frase que se acrescenta. Assim acredito eu, para conseguir levantar o sol.

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  60. Um abraço...
    faltou o abraço. Esse elo que também na escrita, nos liga.

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  61. Sempre seremos um arquivo..atualizado a cada instante vivido , pois é o que nos diferencia um do outro diante do Homem e de Deus. Beijos no coração.

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