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domingo, 12 de outubro de 2008

FOGO AUSTERO

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...
A grandeza destas pedras vem do fogo austero
de magmas inquietos que subjugaram as montanhas,
reminiscências da antiquíssima viagem das águas
anteriores à ideia dum objecto modelado pelo tempo.

O que fascina é o seu perfil nebuloso, indulgente
perante o movimento dos sóis, os seus desígnios
no desvio dum olhar para o lado dos ocasos da luz.

O que inquieta é esta noção amarelenta do tempo,
as suas feições austeras imperfeitas desenhadas
nos veios deixados pela passagem das águas,
o paradoxo dos nossos dias idênticos absurdos.

Não há limite para as formas inacabadas do céu
as suas estrelas transgressoras da aventura temível
de erigir uma flor e destruí-la com um bafo de vento
vindo duma ciência chã, dum destino indecifrável
que se lê nestes fósseis da pedra, a impressão digital
dum deus desconhecedor dos segredos do amor.


em Terrachã, ed. AJEA

67 comentários:

  1. Que lindo!
    Estou extasiada de tanta beleza.
    Grande abraço.

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  2. Amigo,

    Passei para te desejar um bom Domingo!
    Voltarei para ler-te.

    :-) um abraço

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  3. Tudo é inacabado.
    Tudo está sujeito a profundas alterações.
    Os contornos de hoje não são os mesmos de ontem, tal como amanhã não serão os mesmos...
    Em torno de nós e do que nos rodeia gira o desconhecido que tudo molda.

    Beijinho de amizade *

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  4. Não há limites para as formas inacabadas do céu.


    Também não há limites para a imaginação prodigiosa do poeta.
    Um abraço e uma boa semana

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  5. Que poema tão intenso!

    Muito bonito " a noção amarelenta do tempo", de facto é uma grande verdade, o tempo com a sua face pálida engana-nos... passa mais rápido do que pensamos e quando damos por ele já se passaram uma dezena de anos.

    Beijinhos,

    Graça Mello

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  6. Olá querido Amigo Vieira Calado, é com enorme ternura que leio os seus poemas, aqui está um poema de uma beleza sem igual!...
    Amigo, estou sem palavras, pois a qualidade é apanágio deste blogue!
    Feliz, deixo-lhe muitos beijinhos de amizade,
    Fernandinha

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  7. Realmente há em tudo um sinal de inacabado.

    Belissimo e profundo este teu poema

    Gosto do modo como versejas

    Um beijo

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  8. Não há limites para as formas inacabadas do céu nem para a imaginação poética que aqui vejo desenvolvida.
    Como sabes, gosto da tua poesia e este Fogo Austero é muito bonito.

    Beijinhos


    Tive pena de não ter ido ao almoço. Já sei que foi muito maior que o do ano anterior mas não me foi possível. De todo!

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  9. Tudo é fugaz, apenas o Homem se crê eterno... Abraço!

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  10. "...Não há limite para as formas inacabadas do céu..."

    Um poema de grande sensibilidade que gostei muito!!

    Bj e boa semana ;)

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  11. Intenso poema com " a impressão digital dum deus desconhecedor dos segredos do amor". Gostei imenso.
    Um abraço.

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  12. Ah, o amor e o seus segredos.

    Belo poema.

    Bjs

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  13. Tudo é um resnascer...Belo terno Poeta...

    Beijito

    Em pensamentos__________


    olharIndiscreto

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  14. Tudo é um resnascer...Belo terno Poeta...

    Beijito

    Em pensamentos__________


    olharIndiscreto

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  15. como tantas coisas inacabadas, tanto que fica por dizer e fazer...
    gosto de ler o que se passa por aqui, o tempo, por vezes, atrapalha-me os caminhos...
    beijinhos

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  16. sonoridade e enigmático: os elementos que mais me tocaram...

    abraços

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  17. Não imaginas como gostei deste texto, veio de encontro a muito do meu pensar, do meu ver quando observo as grandes e pequenas coisas que diáriamente observo na natureza. Obrigada por ele. Um jinho, muito, grande!

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  18. Difícil encontrar as palavras para comentar este poema austero, onde não há limite para a grandeza que ele encerra.

    Bjs.

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  19. És capaz de ter razão. Mai uma vez, os teus poemas revelam-se boas razões para ir passando por aqui.

    Pago-te o próximo café.


    Abraço

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  20. V.Calado,
    "Não há limite para as formas inacabadas do céu" nem para as da VIDA

    grande poema este!

    aqui, é um gosto.

    um grande sorriso :)
    mariam

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  21. Gostei de ler.
    Belo momento de reflexão.

    Eu bem quero, mas a vida não me permite. Passar 1 x por semana nos blogues dos amigos seria o ideal, mas...quem fala em ideais nesta época...há crise de toda a maneira e feitio.
    Difícil, muito complicado.

    Eu coloco uma questão: qual a tua opinião sobre as «praxes»?

    Votos de boa semana.
    Beijinhos.

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  22. "..não há limites...". Não.

    Gostei muito.

    Bjs

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  23. A grandeza das palavras vem do fogo da tua poesia.
    Um beijo.

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  24. Não há limite para as formas inacabdas do céu.
    Amei esta frase, como ti«odo o poema é evidente.
    Parabéns
    Isabel

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  25. Olá,
    Somos um blogue de muuuiiito sentimento.
    Aguardamos a tua visita.
    Até lá,
    xD

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  26. poema denso. mantendo uma excelente musicalidade...

    gostei muito.

    abraços

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  27. "O paradoxo dos nossos dias idênticos absurdos... as suas estrelas transgressoras de aventura temível..."
    Frases que me tocaram num poema que me agradou muito.

    Desejo que corra tudo bem consigo!

    Abraços e um sorriso :)

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  28. Boa noite Vieira Calado

    Quero agradecer-te a visita e dizer-te que gostei deste teu espaço.

    Sobram razões para revisitar-te.
    Aparece pela Gaiola: acolhe bem!
    Um abraço

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  29. Venho retribuir a visita e bastante satisfeito por ter encontrado um poeta e um lugar onde existe consequentemente boa poesia ...
    Gostei e vou voltar....
    cordialmente_____________ JRMarto

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  30. É como diz e muito bem. Não há limite, amigo Vieira.

    http://desabafos-solitarios.blogspot.com/

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  31. e " no paradoxo dos nossos dias idênticos absurdos"
    resta-nos reinventar um céu...sem limites.

    e bela é a viagem...

    maré

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  32. Passando para acompanhar teus versos que me fizeram pensar no quanto esta vida é ciclica e tudo muda numa fração de segundo. Ainda bem que assim o é... Abraços meus

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  33. O fascinante mistério do princípio.

    Gostei.

    Abraço.

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  34. amigo! Nunca haverá limites,para quem escreve assim,adorei.
    Agradeço visita
    Beijinho

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  35. Este teu poema é denso, profundo e e de uma riqueza de imagens impressionante.
    Diria que é uma visão condensada dos tempos pré-históricos até aos dias de hoje. Da Natureza e do Homem.
    Brilhante, não tenho mais palavras.
    Abraço.

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  36. Belo poema, profundo e com uma mensagem subliminar não muito fácil de adivinhar. É sempre um prazer ir passando por aqui.

    Abraço
    Lidia

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  37. Vieira Calado
    Entre o céu e o desconhecido há a aventura da tua poesia.
    Quantos campos por desbravar!...


    Abraço

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  38. há neste fogo austero algo ainda por queimar...à espera de uma perfeição quiçá inatingível
    beijos

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  39. Caro amigo Vieira Calado;
    Neste se "Fogo Austero" segui a ordem cronológica do poema e descobri algo fascinante que é;
    "A grandeza destas pedras,
    O que fascina é o seu perfil nebuloso,
    Que inquieta esta noção amarelento do tempo,
    Em que não há limites para as formas inacabadas do céu."

    Será esta "pensée" que motivou o grande poeta e amigo a escrevê-lo ?.
    Parabéns caro amigo Vieira Calado pela sua capacidade de transformar o absurdo no lógico e real.
    Um abraço

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  40. «A grandeza destas pedras vem do fogo austero... dum deus desconhecedor do segredos do amor»

    Provavelmente, há coisas que são geradas sem amor. Coisas que dispensam o concurso do amor. Ainda não descobri se o amor também cansa, ou não. E acho que não devo descobrir. Espero não descobrir.

    ;)

    Prepara-se qualquer coisa para 26 à noite. A Mena é que sabe.
    Abraço

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  41. Amigo Vieira, buscaste na sabedoria das pedras que menciona, a inspiração para tão grandioso poema. Geologia e poesia. O talento é capaz de combinar qualquer coisa.
    Um abraço e tenha uma boa semana!

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  42. Os sempre inacabados monólogos perante o indecifrável.

    Abraço.

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  43. Nunca tinha lido nada antes donde, através dum poema, se pudesse ver a formação daquela montanha que temos na nossa frente. Assim como o que floresce nela e que a natureza cria e destrói, num ápice ou com o passo do tempo.
    Gostei
    Um abraço

    Li Tarrachã e não recordo ter por lá visto nada assim. Vou ter que voltar a lê-lo!

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  44. Muito grata pela sua visita...
    As suas palavras, a sua poesia, a variedade dos poemas encantam-me (vamos lá ver se não demoro tanto da próxima vez a voltar...). Sobre a máquina fotográfica: a minha é muito simples e digital... às vezes consegue-se uma ou outra imagem mais ou menos inspirada...
    Abraço.

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  45. é sempre bom passar por aqui!Um grande beijo!!

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  46. Há...segredos do amor!
    Quem desvenda-los ganhará o céu!
    um grande abraço.
    Apareça

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  47. Tenho um prémio para lhe oferecer.

    Muito bons dias.

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  48. Eu digo que a poesia não se define e que a poesia não se pode comentar...ela sente-se. Eu quando te leio sinto, mas não posso dizer mais...muitos beijos.

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  49. Aqui deixo a "minha impressão digital"...

    Lido de um fôlego, respiram-se momentos monólogos, de sensibilidade própria.

    Abraço.

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  50. Neste mar de amadores e amantes da poesia alguns blogs são portos de arte. Este é um deles. Bom vir aqui de vez em quando. Apesar de tantos comentários ouço também deixar o meu.
    Abraço.

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  51. Pois é lindinho! Difícil desvendar os segredos do amor, como os que existem entre o céu e a terra.
    Bela poesia!
    Bom fim de semana! Beijos

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  52. Gostei muito! n'"o paradoxo dos nossos dias idênticos absurdos"...

    Bom fim-de-semana :)

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  53. Assim como as estrelas não tem limites o amor deveria ser igual, sempre a sorrir e a amar.Uma ilha

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  54. Vieira Calado,
    Passei por aqui só para lhe desejar um bom fim-de-semana.

    Abraços e um grande sorriso :)

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  55. Mais um belo poema, amigo... é sempre uma alegria visitar-te. Meu abraço!

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  56. V.Calado,

    passo, digo-lhe um olá, desejo-lhe um bom fim-de-semana
    e uma melhor semana
    deixo-lhe uma castanha-assada (é tempo delas!)
    e um sorriso :)

    mariam

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  57. Excelente texto poético de abordagem à vida.
    O seu final diz tudo
    "que se lê nestes fósseis de pedra, a impressão digital
    dum deus desconhecedor dos segredos so amor".
    Obrigao

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  58. Chamaremos Vénus em auxílio do amor que nos foge entre os dedos e que sepultamos muito abaixo de uma qualquer pedra. A inquietação é darmos o jogo como perdido antes de nos munirmos da afrodisíaca receita. A inquietação é não dar tempo a ele mesmo para que deixemos preparar-se. Por isso amarelece, envelhece e morre! A inquietação é um misto do não haver limite e de nos limitarmos.




    Gostei muito, mesmo muito.
    Um abraço
    em azul

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  59. Depararmo-nos com a verdadeira arte acaba por nos tornar mais humildes. Pelo menos, foi o que a mim me aconteceu ao ler este texto.

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  60. ...E que o fogo das suas palavras continue sempre aquecer...

    ***

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  61. Ilimitado para sempre... em todos os aspectos para que a beleza ouse e tu possas ousar tb nas palavras ... brilhante

    Beijinhos das nuvens

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  62. Um fogo austero na chama de um vulcão?
    Belo poema cheio de força e garra!
    Parabéns calado porque na realidade não há limites para quem modela as palavras. Bendito oleiro
    obrigada pela visita ao meu cantinho

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  63. Boa tarde!
    Obrigada pela sua visita ao nosso blog!

    E Parabéns pelos seus poemas!

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  64. Fogo, água, terra, ar... amor.
    Poema completo.

    Abraço,

    PAZ e LUZ

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