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Somos um arquivo bucólico de memórias,
o mote rústico duma estrofe repetida
ecoada pelos vales, plena de sabores e sal
que transportamos pela vida, dentro do sangue,
e entretemo-nos na presunção de que cresçam
dos nossos actos as ervas regeneradas
pela primavera das vidas que perpassam.
Conservamos imagens bolorentas, baços
retratos de antepassados que mal conhecemos
talvez na esperança de que os nossos filhos
guardem os nossos, ou os venerem
e evoquem outros rastos de outras vidas,
entendam a frágil angústia que foi a nossa.
Elas são o espelho de cópias degeneradas
iguais à paisagem que adivinhamos na história
dos que por aqui passaram deixando lembranças
de outros dramas ou alegrias passageiras
iguais às que se avizinham no tempo que passa
por cima do grande mar que desponta os sóis.