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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Poema ao Mosteiro da Batalha

AFONSO DOMINGUES - A ABÓBADA


................... Creio na geometria
...................no rigor da pedra

...................no obscurantismo
...................e na cegueira.

...................Que a luz se faça
...................no sótão
...................das vossas mentes
...................amén.

...........................inédito.
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Este poema requer uma achega suplementar, especialmente dirigida aos muitos amigos brasileiros que visitam o meu blog.
Em 1388, para comemorar a vitória na Batalha de Aljubarrota, contra os Castelhanos, e como agradecimento pelo auxílio divino, D. João I encarregou Afonso Domingues de construir um mosteiro, próximo do local da contenda, onde já se haviam instalado os Dominicanos.
No entanto, algum tempo depois de começadas as obras, Afonso Domingues cegou e o rei resolveu entregar a obra a um mestre irlandês de nome Ouguet, convencido de que o português estava incapacitado para prosseguir a obra.
Ouguet modificou os planos iniciais, pois achava que a abóbada desenhada por Afonso Domingues era muito achatada e não seria capaz de manter-se.
No entanto, ao fim dos largos anos que demorou o empreendimento, dois dias depois de construído o novo traçado - da lavra de Ouguet -, a abóbada ruiu estrondosamente, pondo os frades em pânico, a esconjurar o irlandês.
D. João voltou a entregar a obra a Afonso Domingues que, apesar de cego, levou a o projecto até ao fim.
E para mostrar que os seus cálculos estavam certos, permaneceu sentado numa pedra, debaixo da “sua” abóbada, durante três dias e três noites. Morreu, pouco tempo depois. Mas a abóbada ainda lá está, enfrentando as vicissitudes do tempo e o correr dos séculos.
O mosteiro foi proclamado "património mundial" da UNESCO.

domingo, 21 de outubro de 2007

POEMA ÀS PALAVRAS

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Há sempre uma palavra dentro da palavra
um gesto por exemplo
ou o zumbir dum insecto a
levantar o vento morto

Traz uma mensagem fugidia uma essência
que luz ao ritmo do tumulto da claridade
só perceptível pelos reflexos da própria luz
transparente interior das coisas

A sua transcendência identifica o fogo
o perfil exterior e seus artifícios intemporais

E apenas se lê em sinais indicativos
de virtuosos alquimistas procurando o oiro
na flecha no círculo dum arco íris caindo
magnânimo sobre o cinzento da terra

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em Por detrás das Palavras, ed. Mic