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quarta-feira, 28 de novembro de 2007

POEMA À MOSCA

.

Pobre irmã mosca, triste insecto díptero, abundante de olhos
para não ver a teia, para não respirar as trevas à luz do dia!

.
Como eu te invejo, mas martirizo com vidros transparentes
azuis-brancos, imitações de fruta, aromas a romã, outras sinais
com que perdes a cabeça e ganhas o engenho da cópula,
nas lides, nas tardes chãs de apenas buscar a seiva árida!

.
Ah, minha querida mosca, meu devaneio de ser homem
com olhos dentro dos olhos, para ver outras realidades, cores,
dimensões que tu nunca mediste, na tua inocência agrária
de apenas medir o tamanho do teu voo, das tuas patas ágeis
para desembarcar nos espaços nus onde reina a tranquilidade

.
um lugar para existir devagar sobre as coisas que são as tuas
onde encontrar outra mosca irmã, para completar a crónica.

em Terrachã, ed. AJEA

62 comentários:

  1. não sei mesmo o que dizer...
    tvez noutro momento... mas quero assinalar a minha passagem por estes fantásticos blogues.

    obrigada, até breve

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  2. Abstrato, amigo... inquietante, porém! :) Grande abraço

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  3. Parabéns Amigo. Só mesmo um grande escritor para escrever algo tão belo sobre um insecto, como a mosca que eu pessoalmente odeio de estimação.
    um abraço

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  4. Sempre bom passar por aqui...

    Beijos de boa semana

    intê

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  5. Hum... não sei bem como me situar ante estas palavras dirigidas à irmã mosca!!!!!

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  6. uma viagem... gostei da idéia da múltipla visão da mosca..

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  7. Adorei este texto que demonstra a tua capacidade humana e profunda de ver e apreciar.
    "meu devaneio de ser homem com olhos dentro dos olhos para ver outras realidades" diz tudo, absolutamente tudo de forma magistral.
    Hoje tenho um post no Notas Soltas & Ideias Tontas (http://notassoltasideiastontas.blogspot.com) em que fiz um apanhado de dados oficiais sobre os "cancros" que o país padece e que mostram, de forma nua e crua, as realidades com que nos confrontamos.
    Se tiveres um pouquito de tempo gostaria de ouvir a tua opinião sobre temas tão gritantes quanto aqueles.

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  8. Passei para ver as novidades e dizer que tem presentinos de natal no meu blog na coluna da direita em presentes para vocês escolhe o que quiser ou todos hehehe.
    Bjkas

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  9. Olá amigo, lindo o seu poema, dos mais lindos que tenho lido aqui neste cantinho.
    Beijinhos,
    Fernandinha

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  10. sorri, lembrei-me da mosca Albertina do O'Neill.

    Só tu para m presenteares com a escrita sobre um insecto a que não acho graça nenhuma.

    Um beijinho

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  11. Mesmo uma mosca tem direito
    (à vida) a um poema :)

    Magnifico!!!

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  12. É verdade que existe beleza nos animais...
    As moscas com sua agilidade, as formigas por seu incansével trabalho,...

    E essa beleza nos sorri...
    Enquanto para você ela se descreve!

    bjus enormes!

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  13. Caro Vieira Calado,

    O Filme de Cronemberg veio logo "zunir" à minha volta!!!!!

    Mas o poema é bem menos inquietante!!!

    Bjks

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  14. A mesma mosca que nos incomoda retratada de outro ângulo. Nem sempre imaginamos que isso possa ser possível, mas aqui está.
    Abraço do Zé

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  15. "com olhos dentro dos olhos"
    Um olhar diferente, angular e emocionalmente!

    Quem dera poder ter, ser mosca em determinados tempos da vida...


    Gosto do que escreve, caro Vieira.
    Reflexivo, diferente.

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  16. Excelente poema à mosca!! Adorei a parte do aroma das romãs...beijos.

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  17. Tens 2 prémios para levantar no meu blogue. O primeiro é para todos , o último é específico. Estão na recepção, nada que enganar.


    Beijinhos

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  18. Este texto fez-me lembrar um que li há meses, resgatado a umas pastas com mais de 40 anos. Mas em vez de uma mosca, era acerca de um mosquito.

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  19. Oie amigo, na tua abstração, por sinal super bacana, pode-se denotar uma inquietude... um devaneio de ser, apenas para estar, em qualquer lugar...
    Beijos

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  20. uma assinatura estética de vincada personalidade, imaculadamente própria.

    foi um momento aquele que fz o meu institnto parar por cá!

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  21. Kafkiano.

    Gostei muito.

    Abraços,
    http://cincoespinhos.blogspot.com

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  22. Um óptimo texto! Parabéns!
    Um abraço

    http://www.escritartes.com/forum/index.php?referredby=3

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  23. Gostei amigo, deixo bjs com carinho.
    Passando...
    Bjs

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  24. Agradeço a sua visita ao meu blog. Vindo de alguém que escreve assim, o seu comentário deixou-me particularmente feliz.

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  25. querido poeta..

    já imaginou-nos com múltipla visão?

    acho que seria interessante...

    tem um desafio para vc no PoEmAs E aMoReS....

    beijos

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  26. Meu caro, venho aqui para ante o amigo me curvar respeitosamente e tirar o meu chapéu ante a sua presença... o seu comentário a propósito da Mosca e dos grelhados autárquicos foi de truz. Melhor, de mestre!

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  27. Muito lindo. E não achei abstrato, achei fantástico, no sentido da fantasia e da qualidade. Queria ser uma mosca só pela possibilidade de zumbir no ouvido de um ser colossal!

    Quanto ao fato de sermos baratos, talvez tenha a ver com a baixa (ou nenhuma) remuneração que recebemos pelo nosso ofício de escritores. è isso aí,
    Grande abraço!

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  28. VC
    Genial.
    Conheço mmuitas moscas. Eu própria me revejo.
    Bom fim de semana

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  29. Passei para deixar-te um beijo. Moscas... ditas-cujas moscas! Fique bem e tenha um bom fim de semana!

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  30. Haja alguém que se lembra delas que eu, com franqueza, digo que "moscas" nem vê-las!

    Um bom fim-de-semana.

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  31. há moscas felizes. a merecerem crónica. aliás bela.

    abraços

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  32. VIEIRA:
    Cá estou de volta!...
    E o que vi e conheci inundou-me de poesia!...
    Fiquei a pensar na expressão "ter olhos dentro dos olhos"... Um redimensionamento profundo do olhar...
    Muito belo!...
    Abraço carinhoso!
    Rose.

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  33. Senhor Vieira Calado:
    Diga-me como posso obter o MerdoCk.
    Obrigada.

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  34. Um poema às moscas.
    Surpreendente!

    Sempre bom vir aqui.

    Um abraço!

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  35. Um poema interessante,rico em imaginação,existem tantas mosquinhas por aí lolol
    Bom fim de semana amigo
    Bjs Zita

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  36. Ganda mosca . Com direito a POEMA E TUDO . ;)
    Gostei Obrigado pela visita e ...

    As cores la no blogue mudaram . Parece , dizem para ai que voltei . Será ??? Não sei fico a tua espera so tu que me visitas poderas dizer ;)
    Acho que estou a planar mas que ainda não aterrei ...
    Beijinhos

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  37. Olá, boa tarde.

    Venho informar que o Poesias de Vieira Calado está nomeado para o Prémio Cegueira Lusa para o melhor blogue do mês de Deszembro de 2007.

    Abraço,

    Bom fim-de-semana,

    JOsé Carreira

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  38. Maria Cristina Ruiz:

    Obrigado pelo seu interesse no meu livro

    "Merdock".

    Para lhe enviar o livro + a oferta

    "Como um Relógio de Areia",

    tem de me dizer para onde o enviar.
    Pode contactar pelo meu endereço:

    vieiracalado@gmail.com

    Desde já obrigado

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  39. Grato pela visita ao "Testemunhos".

    Sobre o seu post de hoje outro modo, outra visão de ver a mosca. Interessante.


    Votos de bom fim de semana.


    Abraço

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  40. Será que a sua mosca tem alguma coisa a ver com a mosca do António Aleixo? Não acredito que inveje a mosca, é palavra de poeta certamente, pois ela, mosca,..."pousa com a mesma alegria na cabeça dum careca como em qualquer porcaria" e a sua sempre é mais intelectual, creio. Já viu a nova estrela?
    Um abraço.

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  41. Lembrou-me texto de Humberto de Campos em minha adolescência... Em raras oportunidades lembro do que li,,, um diálogo filosófico e teatral entre a mosca, vagabunda, e a abelha, batalhadora e guerreira... rs

    Abraços e metafísicas invenções!

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  42. Apenas para registrar que aguardo teu novo post! :) Grande abraço.

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  43. Olharei dentro dos olhos em busca de outra realidade, Viera querido. Mais um lindo poema seu!

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  44. Olá meu amigo! Passei pra lhe ver e desejar um bom domingo e boa semana!
    Beijos

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  45. Amigo Vieira Calado

    Sinto na sua poesia, uma alegria sem par!

    Mas, hoje passo em silêncio
    e
    deixo cair um beijo molhado...

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  46. Passei para lhe desejar uma boa semana...

    bjinhos

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  47. Ola meu amigo
    Desculpa esta minha ausencia.
    Mas tinha problemas no meu pc ,e nao conseguia comentar nos amigos.
    Desejo te um lindo Domingo
    deixo te um big kiss
    xoxoxxx
    M@ri@

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  48. Estranho... acho que as palavras vão muito para lá do que dão a entender.
    Gostei desta invulgaridade inquietante...

    Beijinho

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  49. moscas, moscas... prefiro as varejeiras. imponentes na sua coloração verde/azul metalizado e no zumbido são, também, mais fáceis de abater (desporto que prefiro aos jogos de computador).

    ;)

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  50. Agradeço a visita que me deu o gosto de conhecer a qualidade da tua poesia. Voltarei, certamente.

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  51. Ahhhhhhhh li com gosto! Imagina que as quintas - feiras, quando minha manicure faz minhas unhas no meu quarto..aparece uma mosca. Passou uns tempos sumida e senti sua falta. At� que apareceu em outro dia da semana rsrs, talvez por pensar nela...ser� Tamb�m tenho meus devaneios....

    Observa�o sens�vel inserida num texto maravilhoso, Calado.

    Beijos

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  52. 54 comentários à mosca?
    E eu que pensava que os portugueses não gostavam de moscas!
    Tu escreves tão bem, que até fazes as pessoas gostarem de mocas.
    ...Olha, eu apanho-as com vinagre.
    Boa noite.
    Armindo G.

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  53. Assim escrito até eu gosto de moscos... as tuas palavras tornam qualquer coisas insignificante num ser maior

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  54. Realmente, quando se é um poeta qualquer de coisa faz um poema maravilhoso...Quem diria a essa dita mosquinha que um dia andaria sendo lida por esse mundo fora.Muito bonito amigo.Beijinho prateado lá da lua e bom fim de semana
    SOL

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  55. Só recentemente descobri este poema sobre a mosca, mas já que a mosca o fascinou o suficiente para fazer este texto, não sei se já leu dois seus ilustres companheiros de poesia que também eles tiveram a mosca como "musa". Foram eles Antonio Machado com "Las Moscas" e Machado de Assis com "A Mosca Azul". São dois textos muito diferentes mas ambos deliciosos

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  56. Qqdwqdsaas ascaassc fdrewe:
    But, as these dismal sounds brake forth again, Jocelyn stole forward
    At this I turned to scowl at the placid sea again

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