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domingo, 23 de setembro de 2007

POEMA AO PÓ

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A redescoberta que é ver o pó, cheirar o pó,
cheirar a pó. É um rumor inerte, um retrato
tangível de outras memórias perfurantes,
um vazio entre azuis e baços no chão da terra
gritando segredos abatidos ao silêncio ileso.


Praticar a ciência do pó é viajar pelos gelos
da montanha, um texto insondável de signos
sobre a água, reminiscência doutras águas
de apenas a cognição nua, virgem, das fontes


é desvendar a erosão, o murmúrio de colunas
gregas, efémeras, a inocente exaltação das aves
assim que o sol reacende a festa inadiável

e contemplar uma indústria sem nome e sem data,
sem prólogo, divina, puríssima, demoníaca.


54 comentários:

  1. Poema por Poema:

    RESPIRAÇÃO

    Respirar
    Ao fundo
    Das ondas
    Alargadas
    Do universo

    Respirar
    De maneira simultânea
    Com
    Os peixes voadores
    Que nos cruzam
    Os sonhos

    Respirar sem fim
    Respirar sempre
    Respirar sómente


    Semana em paz para si!

    S.

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  2. E só nos resta o pó, é o que seremos, e nada mais, adorei seu blog, grande poeta!

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  3. Vieira! Senti nostalgia entre as palavras, em belos versos!
    Que sua semana seja de realizações!
    Beijos

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  4. só cheiramos a pó, se não vivermos isolados e estagnados.
    se nos aproximarmos das coisas o suficiente para as conhecer/viver na viagem que a vida nos permite.
    até ao momento em que, como gustavo chaves disse, seremos nós pó.

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  5. Um poema lindíssimo, com uma certa tristeza, mas de facto lindo!

    Beijinhos

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  6. Muito bom, um pouco triste, mas como sempre muito bom.

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  7. excelente poema. mais um. que compartilhas. para prazer nosso.

    abraços

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  8. Retribuindo a visita que me fizeste, encontro aqui um grande escritor, com textos belíssimos.
    Gostei.
    Voltarei mais vezes.

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  9. Um dia é o que todos seremos ... Pó.
    Foi um prazer ler-te e fazer esta viagem contigo.

    Um beijo, boa semana

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  10. Na verdade, só a arte consegue elevar-nos acima do pó. Belos versos, parabéns!

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  11. Pensamento bem profundo a dar consistência a estas palavras... feitas de pó...

    Deixo um beijinho!

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  12. Obrigada por ter gostado das imagens do blog.

    BeijUivoooooooooossssss da Loba

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  13. Obrigada por ter gostado das imagens do blog.

    BeijUivoooooooooossssss da Loba

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  14. Vieira Calado,
    o pó renasce no tempo em infinitas particulas sempre renovado...
    Se ele assenta sobre a vida é porque o tempo o permite...a isso chamamos existir!
    UM BOA NOITE!!

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  15. Vieira: sua poesia...consegue nos levar a lugares distantes...linda!!
    Abraços carinhosos.

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  16. Intenso, este seu pó. Abraço

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  17. Aqui está um poema, para mim, incomentável. No sentido de não saber acrescentar-lhe nada.

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  18. Cheirar a pó, é a minha incompetência para descrever os sentimentos que alguns dos seus poemas libertam...
    Um abraço

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  19. Grata por compartilhar um pouco do seu conhecimento referente ao meu post sobre o Fandango e a Nau Catarineta.
    Esse seu texto sobre o pó me lembrou o livro A Bússola Dourada de Philip Pullman que irá estrear no cinema em dezembro.

    Beijos bailados.

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  20. Olá VC

    "assim que o sol reacende a festa matinal"
    Ou seja, assim que amanhece, sinto eu.
    Este pó´, caro amigo, "cheira-me" ao pó do espaço, entre as estrelas, poeira do espaço.
    (será , talvez a metamorfose, infinitamente pequena dos "seus" meteoritos, do "outro VC", do lado?)
    Aqui os meteoritos aparecem já desfeitos pela erosão dos tempos(talvez devesse escrever Tempos, com maiúscula) em poeira cósmica.
    Mas este pó não são cinzas.(Não te enganes Gi)

    São metais incandescentes.É vida galáctica. Somos nós.( também).

    O VC volta às origens - virginais colunas gregas- o principio do conhecimento.Da História.Segue um bilhete postal para Sócrates, Aristótales e Platão, os fundadores que nos estão a olhar, desconfiados da "outra dimensão".

    daqui, com amor para si , esta virtualidade da


    O Universo esfriou, então vem o gêlo, a seguir nos degraus da História.

    Bom, meu amigo, a cognição nua é a do magma e da água ( depois de passar pelo gêlo)

    Nesta visão, leitura do seu poema, não encontro lugar para um silêncio passado, mas para o silêncio , simplesmente flutuamos no espaço, silenciosamente.

    Choca-o que até o W.Disney faça cinema,videos, banda desenhada,sobre este percurso do seu amado Universo/Tempo.

    "Sim choca!" respondeu-me o VC, acendendo mais um cigarro.

    A indústria da História, VC.

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  21. errata
    "aqui para si esta virtualidade, com amor"

    teria de vir no fim do comentário, não no meio, como acontece.

    mas como a vida é imperfeita não vou apagar o comentário.

    fica a errata.

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  22. É um grande honor para mim Sr. Vieira Calado, um comentario seu no meu blog. Muito Obrigada.

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  23. Fico muito contente com a sua simpatia.

    Deixo muitos beijinhos!

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  24. que o pé seja varrido, que fique o poema........

    beijos e boa semana, querido

    MM.

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  25. Sobre aquela perguntinha :))) para mim é uma honra.
    Sobretudo agora que ando por lá a saltitar com vontade de voltar, rimei e tudo!
    Resta-me dizer só uma palavrinha: obrigada...

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  26. Só mesmo um poeta faz do pó um poema, e que belo poema...

    Doce beijo

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  27. Um vazio entre azuis baços no chão da terra gritando segredos abatidos ao silêncio ileso... a magia das palavras, sempre presente.
    Um abraço

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  28. O pó...que se diz ser a matéria básica e o resultado final!
    Bjs.

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  29. Vieira,
    suas visitas para mim já são uma grande poesia...

    Abraço grande

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  30. É bom vir aqui e saber que tá "renovado"

    É bom ver quanta gente vem também.

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  31. Retrato tangível de outras memórias perfurantes.. Que belo verso a trazer-me retratos intangíveis, Poeta...

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  32. Olá Vieira Calado, não vou comentar o seu poema.
    É muitíssimo lindo e eu não teria palavras.
    Deixo-lhe, um beijinho com todo o respeito e carinho.
    Fernandinha

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  33. Acabo de nomear, no meu blogue, "Vieira Calado" para o prémio de visitante destinado a distinguir, pela assiduidade e qualidade, os comentaristas. Esperando que dê continuidade à corrente volto a felicitá-los uma vez mais por este magnífico espaço.

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  34. Oie Vieira, passei pra lhe ver e deixar beijinhos.

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  35. Lindíssima poesia. Recheada de metáforas, analogias. Gosto de escritos assim.
    Obrigada por ter passado em meu blog e desculpe por não ter vindo logo. É o tal do tempo, esse algoz.
    beijo poeta.

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  36. Feche os olhos,,, e o pó permite outros horizontes,,,
    Gostei da poesia... das palavras ásperas deslizando sentido em cada verso,, gostei mesmo!

    Abraços e transatlânticas invenções!

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  37. Belo, sentido, profundo

    Sempre um enorme prazer a sua leitura
    Deixo votos de um bom fim de semana ... sem pó:)))

    (*)

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  38. Gosto de te ler.
    Abraço grande para ti.

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  39. Os poemas surgem do pó e dos olhos, porque o belo é inadiável.

    Abraço

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  40. Boa descoberta, seu blog. Abra�o do outro lado do mar.

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  41. Diferentes os dias, tal como os sentires. E hoje cheira-me a pó de um rumor inerte tangível de outras memórias...
    Um abraço

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  42. "Do pó viemos e ao pó retornaremos". Enquanto isso, a gente vai caminhando entre seus grãos e enxergando suas várias nuances, como as tuas belas e inteligentes palavras nos apresentam.
    Um ótimo fim de semana. Beijo.

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  43. Vim por recomendação de amigos e não dei por perdido o tempo.
    Poesia onde a estética da palavra desemboca na esquina da razão.

    Parabéns
    Mel de Carvalho
    www.noitedemel.blogs.sapo.pt
    www.maresiademel.blogs.sapo.pt

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  44. (...) um vazio entre azuis e baços no chão da terra
    gritando segredos abatidos ao silêncio ileso.


    Ler e sentir o que escreves, querido Vieira, é sempre um prazer. Obrigada.

    Beijos

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  45. estamos cobertos pelo pó ao qual retornaremos impávidos na hora de nossa morte.

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  46. para si VC

    "Li poetas maiores
    Reli poesia
    Bela
    Cheia de fantasia"

    com amizade

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  47. VC
    Como é que alguém, no seu perfeito juízo, poderia pensar que a poesia "era" para ajudar a adormecer?
    esta era a pergunta que eu faria à astrid

    Bjs

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  48. Belissíma mensagem esta. Tdos nós somos pó e caminhamos para o pó mesmo quando nos elevamos acima dele. Como dizia Jorge Luís Borges "as bigornas e os crisóis da tua alma trabalham para o pó e para o vento". Mas enquanto a vida pulsa, o coração ama e os olhos contemplam a beleza do mundo, uma visita a este cantinho faz-nos bem.

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  49. Mais honrado não podia eu ficar pela visita de um escritor. Quero agradecer a sua visita. Venho comentar a frase deixada no meu blogue acerca da "Política Actual do Mundo" É verdade que muitas pessoas não sabem quem foi Marquês de Sade. Foi por ter sido quem foi, que esta frase tem mais sentido para mim. Sade foi um aristocrata francês, escritor de pornografia violenta e pelo desprezo dos valores morais e religiosos. A maior parte da sua obra foi escrita num hospício. Sade, termo que foi definido pela medicina como Sadismo. Era um individuo que apelava ao prazer físico violento quer a nível pessoal como aos seus companheiros. A Obra cinematográfica "Quills" - As penas do desejo, retrata um pouco a vida de Marquês de Sade. Tudo o que eu disse não é novidade para si. O que eu pretendo ao colocar esta citação de Sade, é mostrar que como um homem com tendências sociais repugnantes e considerado um louco, tinha os seus momentos lúcidos e talvez com estas frases atingia um objectivo muito próprio. Não esqueçamos que muitos loucos, ou considerados como tal, quer para o bem quer para o mal, tiveram o seu momento histórico. Sade como dramaturgo e também filósofo e sendo um materialista, não deixou de apontar o dedo ao seu próprio pecado e falou dos governantes. Nessa citação que ele escreveu vejo actualmente a Política do Mundo. Se ele já via que poderemos dizer nós do que vemos diariamente. Um forte Abraço.

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  50. A redescoberta de qualquer coisa pode trazer-nos muito pó, às vezes, um pó incomodativo, no entanto, há redescobertas que nos envolvem com algo inquieto, mas sugestivo.
    Gostei muito do seu poema. Muito bem construído e com uma mensagem interesante.

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