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domingo, 30 de março de 2008

POEMA JUNTO AO MAR

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A amiga sophiamar, administradora do blog a ver o mar, teve a gentileza de elaborar uma postagem sobre um poema meu e, mais, compor a cena com a minha fotografia e excertos de alguma da minha biografia patente no livro “Escritores Portugueses do Algarve”. O poema agora transcrito foi um dos que a Professora Ilena Gonçalves seleccionou para a citada antologia, editada pelas prestigiadas edições Colibri, em 2006. Aqui fica o poema, e o meu muito obrigado à sophiamar, pela cortesia.

JUNTO AO MAR

Sempre encontrei a plenitude na plenitude junto ao mar.
Talvez (e talvez seja a palavra imprecisa por excelência/
assim uma irremediável certeza na dúvida certa/
um latejar súbito apressado inquieto coração/
ao impulso da adrenalina/) talvez, dizia,
junto ao mar sinta eu o ruído da terra o mais profundo
confundindo-se com o do mar
e com este o do meu pulsar inquieto coração
que trago debaixo destes olhos de horizontes.

Junto ao mar, talvez (porque o mar foi – e é –
o princípio das coisas e se prolonga
por subsequente cadência ou consequente inércia)
talvez, dizia, tenha eu o inconsciente lampejo
de omnisciente consciência abarcando o todo
a terra e o mar, e o meu ser de água e pó,
a inconsciente consciência que traz a plenitude
que só encontro plenamente na plenitude junto ao mar.

E ele aí está – mar, ó mar que vens das raízes do sal/
que mantém em equilíbrio o desequilíbrio constante
do meu sangue/ mar onde se acalma o desassossego
dos meus dias inquietos/ mar onde descanso o olhar
olhando olhando apenas a tua imensidade ó mar.

Ou talvez apenas,
talvez
porque eu tenha nascido junto ao mar.

Poema originariamente publicado em "Como um Relógio de Areia", ed. Mic, 1988

56 comentários:

  1. Mais que merecido. Um abraço e Bom domingo

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  2. Vieira, parabéns pela homenagem!
    O mar sempre produz emoções diferenciadas nas almas!...
    Há algum tempo atrás, postei um pequeno poema meu com esta mesma temática. Deixo-o com você:

    APRENDIZ DO MAR

    Saber o mar;
    amar suas marés;
    seu ritmo aquoso...
    Saber as ondas
    que se quebram ininterruptas;
    colher seus tons de transparência
    e sua espuma
    vestida de sal e fragilidade...
    Juntar destino e horizonte
    na plantação de areia
    que,entre conchas,
    mareia...

    Obrigada por sua visita e pelo comentário precioso! Aqui, no Brasil,as famílias, em geral, também andam se perdendo de sua missão... Mas há as que resistem!...
    Um abraço carinhoso, poeta!
    Rose.

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  3. muito bem, porque será que o mar faz destas coisas???
    aproxima gente de bem!
    são sempre pessoas especiais...nascidas perto do mar,
    também estou por perto, muito perto
    beijinho

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  4. E sentir o mar, no olhar, e falar com o olhar do mar, é misterioso, é bom, é sublime. E tudo isso como homenagem...
    Parabéns,
    Homenagem, quando bem recebida, é sempre um carinho na alma.
    Um abraço
    Jacinta

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  5. E eu deixo aqui o comentário que deixei lá, porque é o que penso.

    Mais que justo, já que estivemos falando de escritores do Algarve, mais que merecido, já que pela sua obra, que como diz é vasta, e de grande valor, e que muitos não conhecem, e é bom que se fale de quem tem valor,para que outros conheçam, e sobretudo é bom que se reconheça o valor de cada um, quando estão entre nós, e não depois que se vão.
    Bem haja Isabel.
    Um abraço

    Um abraço e uma boa semana

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  6. Muitos parabéns :)

    É bom ver o "trabalho" de alguém reconhecido, principalmente quando esse trabalho e esse "alguém" merecem!

    Fica bem,
    Miguel

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  7. Amigo Vieira Calado

    Foi do livro que aqui nos apresentas que tirei a tua biografia mas o poema foi extra�do do livro " Como um Rel�gio de Areia", p�ginas 26 e 27, que tiveste a gentileza de me oferecer durante o almo�o em que nos conhecemos. E terei todo o prazer em divulgar a tua obra aqui e moutro lugar qualquer. Escreveste muito mais do que eu l� mencionei.
    � bom que conhe�amos o poeta, o escritor Jos� Vieira Calado.

    Beijinhossss

    p.s. Muito obrigada pela divulga�o do meu blogue.

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  8. Dizem os blog-expert que a melhor maneira de acabar com um blogue é fazer longas pausas, terminar e depois voltar, enfim, parecer inconstante...
    Isso faz com que os leitores percam o interesse e desapareçam.
    Será mesmo?

    Percebi que a vida não se arruma, puxam-nos o tapete a toda a hora...e, estou mesmo decidida a «fechar» o meu kalinka...muito sorrateiramente um dia destes estará fechado. Não quero alaridos, tudo feito no silêncio e na dor que a minha vida tem sido, nestes 2 ultimos meses.

    Peço desculpa a todos e estás entre eles, que sempre me deram força nos momentos mais difíceis.

    Muito obrigada a quem me visita.

    Beijinhos.

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  9. Belo post!
    Neste mar, sinto vaguear a alma dum Poeta.

    Beijinhos

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  10. Olá Vieira, um poema tão belo merece estar na referida antologia. Me atrevi a ler em voz alta, e se não me engano senti um certo balanço ritmado em suaves ondas de mar, quebrando a cada verso, ao deixar a água salgada a procura da areia, ou seja: ser de água e pó. Adorei! Beijos e uma linda semana para ti.

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  11. É assim a amizade na blogosfera...
    E vai-me desculpar mas o poeta Vieira Calado mereceu bem esta homenagem.:)

    Boa semana!
    Beijos

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  12. Caro amigo, é assim a verdadeira amizade !
    O seu trabalho merece !
    Um abraço

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  13. oi!

    foi fundado o blogue do Texto-al, novo círculo literário do algarve.

    conta com alguns escritores do algarve, a maior parte de Faro.

    é possivel colocar uma notícia a dar destaque a isso e convidar as pessoas do algarve às nossas reunioes no club farense às terças pelas 21.30 ?

    obrigado! ja agora... aparece tb!

    ta td aqui:

    http://texto-al.blogspot.com/

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  14. E mar... como o amo...
    Lindo Poema.
    Parabéns a ambos!
    Votos de uma boa semana deixo:)

    (*)

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  15. Ando há anos para fotografar uma criança ouvindo o mar num búzio, enquanto deixa perder o olhar nessa vastidão solarenga de searas e sobreiros.
    Também aí, no meio da planície alentejana, o mar me suscitaria poesias. Aqui, tão perto dele, ouço-lhe a voz e atento no que diz, não no que é.

    ;)

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  16. Também eu me rendo aos encantos do mar...
    Perto dele nasci, cresci... no silêncio da noite, muitas vezes ouço o seu rumor.
    Rendermo-nos a tal encanto, é termos o dom de abrir a alma...
    Abraço

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  17. Belo poema, amigo. Bem merece todas as republicações! :)

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  18. Belo poema, amigo. Bem merece todas as republicações! Um abraço.

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  19. A Sophiamar é assim cheia de sensibilidade e poesia e fez ela muito bem em dar a conhecer esta obra.
    Vou "ajuntá-lo" ao meu sítioo para vir aqui mais vezes...
    Obrigada pela sua visita.

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  20. Bem merecido a publicação...

    Belo como o mar

    Doce beijo

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  21. ... um belo poema, de palavras salgadas como se quer o mar. Parabéns.

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  22. Belíssimo o teu mar .

    Ausentei-me uns dias e ficou em suspenso a encomenda do livro, não sei se aind tens o meu endereço (da encomenda anterior) ou se o devo repetir o pedido por mail. Esclarece-me pode ser?

    Um beijinho

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  23. Gi, penso que sim.
    Se assim for, segue na próxima 5ª feira.

    Obrigadíssimo.

    Beijinhos

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  24. Passei uma vida sentada a beira mar, no arrebentar das ondas ...nada como a plenitude do mar ..energia que te faz renascer...
    lindo...

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  25. Quem nasce junto ao mar é um predestinado.
    Que bela morna se poderia construir, como um hino a Cabo Verde.
    Está lá a letra, só falta mesmo a música ...

    Uma boa semana!

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  26. O mar ,seu cheiro, seu ...TUDO é meu viver!...
    Amigo vim agradecer-te em nome de todos os actores do Almas Poéticas a tua passagem em nosso humilde cantinho, que para todos o fazemos com muito carinho.
    Beijinho prateado com carinho
    SOL

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  27. Oi!

    Parabéns pelo poema publicado. É, realmente, muito lindo.

    O mar... só mar. Ele me sensibiliza com seu infinito mistério e com sua rara beleza. Aqui, onde vivo, há também muito mar.

    Abraço

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  28. Ol� amigo,
    Gostei do poema "Junto ao Mar". � uma contempla�o maravilhosa, por isso inspiradora de diversas emo�es que certas pessoas sabem exprimir.
    At� breve

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  29. v.calado,

    então esgotou.

    Tá bem, já tinha estranhado.

    Ainda bem abraço

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  30. Gostei do poema. Eu também nasci junto ao mar...
    Um abraço.

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  31. Uma homenagem bem merecida para quem consegue ouvir a voz do mar, não fossemos nós um país de marinheiros ...

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  32. um poema de grande quálidade literária. parabéns. gostei muito...

    abraços

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  33. Malukinha d' Arroios:
    Não esgotou, nada!
    Vai a caminho!

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  34. Fiquei fascinada!
    Então não houvera de ser merecido o destaque?!

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  35. Como não podia deixar de ser, já aqui tinha estado quando cheguei a casa antes de jantar.

    Respondi ao seu comentário. Aqui fica a reprodução :

    Caríssimo,

    Não tem de me enviar nenhum livro. Quero é comprar alguns para oferecer (e 1 para mim). Se já chegaram ao Porto, telefono amanhã ao Antero Braga da Lello que se ainda não os tiver vai ter de se amanhar com a distribuidora e entregá-los aqui até Sábado. Não se preocupe, o Antero Braga é um tipo excelente.

    Um abraço,

    JMB.

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  36. e o mar abandonado fica em foco, nos músculos cansados de parar e, ante a planície marítima, ou dela diante, incorporamos, sem que o saibamos, a profundidade de seu ecossistema, na linha solar de seu horizonte.
    belo texto, parceiro,
    abraço,
    luis

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  37. Olá querido amigo, fico muito feliz com a homenagem da Isabel.
    Belos poemas... Parabéns pela sua magnifíca escrita.
    Beijinhos de muito carinho,
    Fernandinha

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  38. Paarabéns!!!!!!
    O poema está lindo!
    Jinhos mil.

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  39. Vim agradecer a sua amável visita ao meu cantinho. Nunca me passou pela cabeça que tivesse alguém com a sua sensibilidade a ler as experiências que faço com as palavras. Escrever talvez seja um dos grandes desafios da minha vida. Nunca fui muito ligada às letras e sempre tive alguma dificuldade em expressar o que sinto. Muito obrigada.

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  40. Obrigado, eu. Pelo mar trazido até mim.

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  41. também nasci junto ao mar... agora estou longe dele, mas ele persegue-me de dentro de mim... espalho o mar em Berlin...

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  42. Justa homenagem. Também estou preparando a colocação de um poema teu no "Beja" que é uma casa de Poesia...

    Cá recebi a encomenda que agradeço. Ainda não tive oportunidade mas não está esquecido o envio devido.

    Um abraço amigo

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  43. É junto do mar que descansamos plenamente a nossa alma!

    Através das tuas palavras consegui ouvir o mar, cheirá-lo e senti-lo.

    Creio, meu amigo, que estamos numa sintonia profunda.

    Até breve!

    ;O)

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  44. Lindo poema, parabéns!

    Desculpe a invasão.

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  45. e eu que só tinha ido à "casa do cão" rsrsr
    tenho de voltar aqui com mais tempo.
    :))

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  46. Vim agradecer e retribuir a visita ao Mar de Sonhos.

    E encontro em seu blog, um belo livro que fala de mar e de poesia, comunhão perfeita.

    Parabéns a todos os autores

    Um abraço amigo
    Luis

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  47. Amigo Calado.
    Como comentei na Sophia,o amigo mereceu a homenagem feita,sobre o poema é lindo,pois apesar de não morar junto ao mar só de terra dele e adoro o mar e poesia feita ao mesmo.
    Beijinho Lisa

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  48. O poema é simplesmente excepcional.
    Daí que a Sophiamar o tivesse "visto"...

    Abraço.

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  49. Bom dia,
    A minha vénia para quem tão bem sente eleva e transmite parte da alma para o escrito, não conhecia este seu espaço fiquei deslumbrado com tanta preciosidade.....Muito obrigado pela visita....Sorriso grande

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  50. Condelipas ou condelitas?
    O que são? Mariscos?
    Bon Appetit...

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  51. oláá!
    Lindo poema, o mar sempre me fascina!
    Cheguei aqui através da Rose do Eternessencias!

    bjs
    Marilac

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