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terça-feira, 24 de setembro de 2019

sábado, 13 de outubro de 2018

Sou tão internacionalista



Sou tão internacionalista, quanto nacionalista,
e mais que a minha língua ser a minha pátria
a minha pátria é a pátria mundo
que pela língua desta minha pátria se entendem 
o homem e a mulher de todo o mundo
porque todo o mundo é meu e teu
e o mundo todo tem se si em mim
o que tu tens dele, em ti.

domingo, 7 de outubro de 2018

AS ESTRELAS

                    

                   A rose
                   is a rose
                   Gretrude Stein



Rosas são rosas, no dizer britânico.

Ela disse rosas. Eu digo estrelas.

E céus e átomos e neutrinos
e o protoplasma que deu cor ao perfume das rosas
e ao ser pensante que pensou sobre o próprio pensamento
e ao feixe hertziano que há-de pairar
sobre todas as cabeças de todos os seres pensantes,
em todos os céus e todos os universos.

Digo estrelas porque as estrelas também florescem
e morrem
como as rosas se acendem numa fragrância de cores
e fenecem
perdurando na memória do ser-pensante,
ele próprio pó das estrelas, átomos e neutrinos
como um deus eterno e distraído
na solidão para sempre eterna e distraída.

terça-feira, 10 de junho de 2014

O FOGO DAS ESTRELAS


O fogo das estrelas arde e passa.

Dispersa-se.

Infiltra-se nos interstícios do vazio
só cheio de espaço e tempo.

Depois segue para o eterno
acendendo outras estrelas
como fazem os nossos pequenos gestos
de ser pensante -

processador dos símbolos 
da eternidade.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

VELHO VENTO


Vento viajante, ó velho vento circundante
unindo este a oeste com a tua lira redonda
sempre a sucumbir nestes horizontes,
em timbres de loucura ou mansidão.

Vento que sopras o perfume das flores,
diurno em céus de estrelas
perdidas sobre a praia azul tranquila.

Vento de memórias do sal dos ácidos,
desertos de lonjura, águias rupestres
de olhar vagabundo cavando as fragas
onde vivem os fetos, as memórias
do magma profundo que cobre o chão.

Vento abstracto, senhor dos continentes,
que arrastas a imensidão dos gelos
e a ardência dum coração audaz.

Vento violento que levas à terra o mar do tempo
na penitência duma vida despejada,
ó vento avassalador
ó vento violento,
eu te saúdo desde os princípios do caos,
para que prossigas no etéreo gesto
da transfiguração do pó dos átomos
na crónica perpétua dos dias.

terça-feira, 27 de maio de 2014

POEMA EM MAIO


Com seus tambores de fogo e cinza
o mel da manhã menino
de luz e sombra


rosto lesto rosto
de alísio ágil cio


O mês em que nasci.


A bruma e o sol.


O sul nascente.


O mar.

terça-feira, 20 de maio de 2014

POEMA À CIDADE


A cidade irá permanecer depois da minha morte:
irá permanecer em metamorfoses de claridade,
o céu esvanecendo a reminiscência duma elipse
num sentimento ainda vago pelas ausências.
 .
Cumprirá a norma habitual das regras eruditas,
a de exercer a utopia num casulo de teias indeléveis
só perceptíveis nas mais ocultas noites
onde os sonhos abusam dos olhos comovidos.

 -
Irá permanecer nas vielas duma probabilidade
insondável, de mistérios irrevelados,
insolúveis, mas destros de memórias
doutros tempos, do tempo ausente, de ontem.

 º
Irá permanecer com a mesma célere inconsciência
de raízes demoradas sobre a terra, na solidão dos dias
e irá até ao limite a luminescência da noite
flutuando sobre o infinito de outras vidas interinas.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

GRANDE EXPOSIÇÃO, em LAGOS

A minha participação na Grande Exposição do Alonso, 
no CENTRO CULTURAL DE LAGOS
versando o Espírito de Abril
consiste em Poemas Ilustrados e Vídeos, sobre o tema.
Parte da minha participação. Os vídeos passam em contínuo, numa sala escura.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

2 de maio


Foi um dia igual aos outros dias.
.
Acordei à mesma hora de ontem e de amanhã
vesti-me como os outros dias me vestia
o mesmo emblema me orlou a lapela
o mesmo ideal louco me embutiu a razão
e até os meus sapatos
deixaram as mesmas marcas indeléveis
sobre o caminho de pedra.