Vento viajante, ó velho vento
circundante
unindo este a oeste com a tua
lira redonda
sempre a sucumbir nestes
horizontes,
em timbres de loucura ou
mansidão.
Vento que sopras o perfume das
flores,
diurno em céus de estrelas
perdidas sobre a praia azul
tranquila.
Vento de memórias do sal dos
ácidos,
desertos de lonjura, águias
rupestres
de olhar vagabundo cavando as
fragas
onde vivem os fetos, as
memórias
do magma profundo que cobre o
chão.
Vento abstracto, senhor dos
continentes,
que arrastas a imensidão dos
gelos
e a ardência dum coração audaz.
Vento violento
que levas à terra o mar do tempo
na penitência duma vida
despejada,
ó vento avassalador
ó vento violento,
eu te saúdo desde os princípios do
caos,
para que prossigas no etéreo
gesto
da transfiguração do pó dos
átomos
na crónica perpétua dos dias.
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