sexta-feira, 1 de abril de 2011

UM POEMA


Em S. Paulo

 ,
Do meu livro "Por detrás das Palavras", 
recentemente publicado no Brasil, um poema. 
.
Como não havemos de questionar este mundo,
as suas estrelas transgressoras, na aventura temível
de erigir uma flor e destruí-la com um bafo de vento
vindo duma ciência longínqua, um destino indecifrável?
.
É nestes fósseis da pedra, que se lê a impressão digital
dum crepúsculo, uma lâmina de vertigens breves,
ah, um deus ignorante da plenitude do amor terreno,
amor que não se esgota com a morte das espécies.
-
Como deveremos interpretar as manifestações
de apego à terra, dos humildes bichos da terra,
uma fogueira inextinguível que há-de ver-se ao longe
quando se apagarem os últimos restos do sol?
-
.